Revista Brasileira de Anestesiologia (Oct 2008)

Proteção miocárdica pelo pré- e pós-condicionamento anestésico Protección miocárdica por el pre y el poscondicionamiento anestésico Myocardial protection by pre- and post-anesthetic conditioning

  • Rubens Campana Pasqualin,
  • José Otávio Costa Auler Jr.

DOI
https://doi.org/10.1590/S0034-70942008000500009
Journal volume & issue
Vol. 58, no. 5
pp. 506 – 519

Abstract

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JUSTIFICATIVA E OBJETIVO: A isquemia miocárdica perioperatória é um evento comumente observado no período perioperatório podendo aumentar significativamente a morbimortalidade pós-cirúrgica. As propriedades cardioprotetoras dos anestésicos voláteis e dos opióides têm sido estudadas durante algumas décadas e hoje constituem poderosas ferramentas no manuseio de pacientes com doença coronariana isquêmica. O objetivo desta revisão foi fornecer fundamentos da proteção miocárdica por precondicionamento. CONTEÚDO: Serão discutidos os conceitos sobre lesão celular decorrente de isquemia e reperfusão, precondicionamento isquêmico (PCI), precondicionamento anestésico (PCA), assim como os mecanismos de proteção miocárdica. Estudos recentes em cirurgia cardíaca demonstram que a aplicação de curtos períodos de isquemia, durante a reperfusão, podem reduzir a área de infarto do miocárdio. Os anestésicos voláteis também podem apresentar efeito protetor na reperfusão miocárdica. Independentemente da via de sinalização que leva ao precondicionamento, tanto aqueles que envolvem anestésicos quanto o isquêmico, considera-se que os canais de KATP dependentes mitocondriais sejam os mediadores finais de cardioproteção por controlarem o influxo de cálcio na mitocôndria e prevenirem a indução da necrose e apoptose. Apesar do PCI e PCA efetivamente reduzirem a área de infarto do miocárdio e melhorarem a função ventricular pós-operatória, é importante salientar que esses tratamentos devem ser anteriores ao evento isquêmics no sentido de justificar sua aplicabilidade clínica. CONCLUSÕES: Os fenômenos conhecidos como precondicionamento isquêmico e precondicionamento anestésico do miocárdi, são bem conhecidos, sendo o mecanismo de proteção similar em ambas as situações, porém nem todos os passos que levam a esta proteção foram completamente esclarecidos. Mais investigações são necessária, para que as propriedades cardioprotetoras dos agentes anestésicos possam ter aplicabilidade clínica crescente.JUSTIFICATIVA Y OBJETIVO: La isquemia miocárdica perioperatoria es un evento generalmente observado en el período perioperatorio pudiendo aumentar significativamente para la morbi-mortalidad posquirúrgica. Las propiedades cardioprotectoras de los anestésicos volátiles y de los opioides, han sido estudiadas durante algunas décadas y hoy por hoy se han convertido en poderosas herramientas para el manejo de pacientes con enfermedad coronaria isquémica. El objetivo de esta revisión fue el de ofrecer bases sobre la protección miocárdica por precondicionamiento. CONTENIDO: Se discutirán los conceptos sobre lesión celular proveniente de la isquemia y de la reperfusión, precondicionamiento isquémico (PCI), precondicionamiento anestésico (PCA), como también los mecanismos de Protección miocárdica. Recientes estudios en cirugía cardíaca demostraron que la aplicación de cortos períodos de isquemia, durante la reperfusión, puede reducir el área de infarto del miocardio. Los anestésicos volátiles también pueden presentar un efecto protector en la reperfusión miocárdica. Independientemente de la vía de señalización que conlleva al precondicionamiento, tanto los que envuelven anestésicos como el isquémico, se considera que los canales de KATP dependientes mitocondriales sean los mediadores finales de la cardio protección por controlar el influjo de calcio en la mitocondria y prevenir la inducción de la necrosis y de la apoptosis. A pesar de que el PCI y el PCA de hecho reduzcan el área de infarto del miocardio y mejoren la función ventricular postoperatoria, es importante destacar que esos tratamientos deben ser anteriores al evento isquémico en el sentido de justificar su aplicabilidad clínica. CONCLUSIONES: Los fenómenos conocidos como precondicionamiento isquémico y precondicionamiento anestésico del miocardio, son muy conocidos, siendo el mecanismo de protección similar en ambas situaciones, sin embargo no todos los pasos que conllevan a esa protección fueron completamente aclarados. Más investigaciones se hacen necesarias para que las propiedades cardioprotectoras de los agentes anestésicos puedan tener aumentada su aplicabilidad clínica.BACKGROUND AND OBJECTIVES: Perioperative myocardial ischemia is commonly observed, and it can increase significantly postoperative morbidity and mortality. The cardioprotective properties of volatile anesthetics and opioids have been studied during several decades and currently constitute powerful tools in the management of patients with ischemic coronariopathy. The objective of this review was to provide the fundaments of myocardial protection by preconditioning. CONTENTS: The concepts of cellular damage secondary to ischemia and reperfusion, ischemic preconditioning (IPC), and anesthetic preconditioning (APC), as well as the mechanisms of myocardial protection, are discussed. Recent studies in cardiac surgery demonstrated that the use of short periods of ischemia during reperfusion can reduce the area of myocardial infarction. Volatile anesthetic can also have a protective effect in myocardial reperfusion. Independently of the signaling pathway that leads to preconditioning, both anesthetic and ischemic, mitochondrial dependent KATP channels are considered the final mediators of cardioprotection by controlling the mitochondrial influx of calcium and, therefore, preventing the induction of necrosis and apoptosis. Although IPC and APC effectively reduce the area of myocardial infarction and improve postoperative ventricular function, it is important to stress that those treatments should be instituted before ischemic events to justify their clinical applicability. CONCLUSIONS: Phenomena known as myocardial ischemic preconditioning and anesthetic preconditioning are well known, and the mechanism of protection is similar in both situations; however, not every step that leads to this protection has been fully explained. Further studies are necessary to increase the clinical applicability of the cardioprotective properties of anesthetics.

Keywords