Brazilian Journal of Infectious Diseases (Sep 2022)

ESPONDILODISCITE POR ASPERGILLUS FUMIGATUS EM PACIENTE VIVENDO COM HIV/AIDS EM SUPRESSÃO VIRAL: RELATO DE CASO

  • Júlia Lustosa Martinelli,
  • Pedro Augusto Simão Vasconcellos,
  • Antônio Camargo Martins,
  • Rafael Saliba Helmer

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 102479

Abstract

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Introdução: A espondilodiscite por Aspergillus spp. é uma forma rara de aspergilose extrapulmonar que ocorre predominantemente em pacientes imunocomprometidos. Objetivo: Relatar caso de espondilodiscite por Aspergillus fumigatus em paciente vivendo com HIV em supressão viral com recuperação imune. Resultados: Paciente masculino, 52 anos, portador de hipertensão, dislipidemia e Aids C3 em supressão viral com recuperação imune desde 2017. Iniciou em agosto/2021 quadro de dor lombar com piora ao repouso e melhora a movimentação, associada a rigidez matinal. Negou febre ou sintomas motores/sensitivos associados. Realizou fisioterapia e múltiplas aplicações de corticoide intramuscular para o quadro, sem melhora. Realizou ressonância em serviço externo com diagnóstico de espondilodiscite, recebendo antibioticoterapia empírica em novembro/2021, sem melhora significativa. Nova ressonância magnética realizada em janeiro/2022 evidenciou sinais de espondilodiscite centrada no espaço discal de L2-L3 com coleção discal medindo 3,6 × 1,4 × 4,6 cm. Realizada biópsia por radiointervenção, com resultado de culturas demonstrando Aspergillus fumigatus e S. capitis resistente à oxacilina. Galactomanana sérica mostrou-se negativa. Dado entendimento de S. capitis como potencial contaminante, iniciado tratamento com voriconazol endovenoso. Realizado teste de sensibilidade inhouse por disco difusão com halo de 25mm ao voriconazol. Paciente evolui com melhora clínica significativa após instituição do tratamento. Repetida ressonância após 4 semanas, com redução significativa do hipersinal discal e dos corpos vertebrais de L2 e L3, assim como redução da coleção discal, corroborando para evidência de resposta ao tratamento. Mantido em tratamento com voriconazol oral até o presente momento, com programação terapêutica de ao menos 6 meses de duração, podendo ser estendida conforme evolução clínico-radiológica. Conclusão: Há raros relatos de acometimento vertebral por Aspergillus spp. na literatura. Dados escassos dificultam o estabelecimento de fatores de risco, assim como de estratégias para diagnóstico e manejo. A instituição do tratamento correto, como forma de evitar as potenciais complicações, é estritamente necessária. No caso descrito, é indagado o papel da infecção pelo HIV, assim como do uso de corticoterapia intramuscular no desenvolvimento da infecção.