Trans/Form/Ação (Feb 2024)

Assimetria entre verdade e falsidade e a fecundidade da falsidade

  • César Augusto Battisti

DOI
https://doi.org/10.5072/0101-3173.2024.v47.n1.pe0240074
Journal volume & issue
Vol. 47, no. 1

Abstract

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OO objetivo do artigo é evidenciar quão fecunda é a falsidade, no âmbito de sua posição assimétrica com a verdade. O núcleo da discussão pode ser sintetizado por meio da seguinte afirmação: se de verdades só se podem tirar verdades, não é possível dizer que a verdade não possa ser tirada da falsidade. A tese central do texto é a de que o comportamento assimétrico da falsidade promove a dissociação entre critério (pautado na conservação da verdade) e campo de validade, de modo que este último, mais amplo que o primeiro, incorpore o movimento, não só da verdade para a verdade, mas também de falsidade para a falsidade e, principalmente, de falsidade para verdade. A distinção entre os campos simétrico e assimétrico permite compreender, por exemplo, a emergência de certas falácias lógicas, a separação entre demonstração e dedução, a tese do falibilismo popperiano e o uso do método hipotético-dedutivo. A verdade, definitivamente, não tem funções análogas às da falsidade. objetivo do artigo é evidenciar o quanto é fecunda a falsidade no âmbito de sua posição assimétrica com a verdade. O ponto central aqui proposto pode ser sintetizado pela afirmação aristotélica que diz mais ou menos isto: “se da verdade só se pode tirar a verdade, da falsidade, por outro lado, pode-se tirar não só o falso, mas também o verdadeiro” (Prim. Anal., II, 2, 53b 6-8). A distinção entre os campos simétrico e assimétrico é rica em consequências, nos permitindo compreender, por exemplo, a emergência de certas falácias lógicas e a separação entre demonstração e dedução, bem como a tese do falibilismo popperiano e o uso do método hipotético-dedutivo em geral. Dentro desse quadro, a verdade, definitivamente, não tem funções análogas às da falsidade.

Keywords