Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

VALIDAÇÃO DO MODELO DE CAMUNDONGOS TRANSGÊNICOS COM ANEMIA FALCIFORME ADQUIRIDOS E CRIADOS NO BIOTÉRIO DO IGM/FIOCRUZ-BA

  • SCMA Yahouédéhou,
  • SS Santana,
  • ABO Lima,
  • VSM Junior,
  • VV Maffili,
  • VA Fortuna,
  • MS Goncalves

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S77 – S78

Abstract

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A anemia falciforme (AF) é uma das doenças monogênicas hereditárias mais comum no mundo. Os indivíduos com AF apresentam diversas manifestações clínicas, como síndrome torácica aguda, acidente vascular cerebral, infecção, priapismo e úlcera de perna. Para melhor entender a fisiopatologia da AF bem como avaliar a eficácia terapêutica de alguns medicamentos, vários ensaios in vitro e ex vivo têm sido realizados. Apesar de esses serem importantes, faz-se necessário também a realização de estudos in vivo em modelo de camundongos com AF. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi de validar o modelo de camundongos transgênicos com AF, recentemente adquirido pelo nosso grupo de pesquisa, em criação no biotério do IGM/Fiocruz-BA. Foram utilizados camundongos machos humanizados com AF (HbSS, n = 6) e controles (HbAA, n = 6) da linhagem B6; 129 conhecidos como modelo Townes. Os animais foram pesados individualmente e submetidos à coleta de sangue venoso por punção mandibular para posterior análise do perfil laboratorial (hemograma). Além disso, após a coleta de sangue, os animais foram eutanasiados e submetidos à coleta de diferentes órgãos. O teste t independente e Mann-Whitney foram realizados para avaliar a diferença estatística entre as médias/medianas das variáveis quantitativas dos dois grupos, considerando p < 0,05 como estatisticamente significativo. A análise dos dados não demonstrou diferença significativa entre os pesos dos camundongos HbSS (25,67 ± 2,50 g) e HbAA (27,25 ± 0,61 g) utilizados nesse estudo. Os camundongos HbSS apresentaram redução da concentração de hemoglobina, contagem de hemácias, hematócrito e concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) em comparação aos HbAA (11,50 ± 1,08 vs. 14,90 ± 0,61 g/dL, p < 0,0001; 8,37 ± 1,22 vs. 10,49 ± 1,41 x 106/mL, p < 0,05; 38,37 ± 2,22 vs. 45,67 ± 1,86 %, p < 0,01; 29,93 ± 0,79 vs. 32,63 ± 2,08 %, p < 0,05; respectivamente). Além disso, os camundongos HbSS apresentaram aumento das contagens de leucócitos, linfócitos e neutrófilos quando comparados com os controles (64.673 ± 37.923 vs. 13.483 ± 2.635/mL, p < 0,01; 51.665 ± 34.218 vs. 12.284 ± 2.505 /mL, p < 0,01; 8.764 ± 4.387 vs. 1.101 ± 357/mL, p < 0,01; respectivamente). Ao realizarmos a análise macroscópica dos órgãos de interesse (pulmões, baço, fígado, rins, testículos, cérebro e coração), foi possível observar diferença no tamanho e/ou na cor do fígado e baço dos camundongos HbSS e HbAA. Os camundongos HbSS apresentaram aumento discreto do fígado e esplenomegalia em comparação aos normais. Esses dados corroboram estudo prévio e validam o modelo de camundongos transgênicos com AF (modelo Townes – HbSS) que têm sido reproduzidos no biotério do IGM, ampliando a possibilidade de geração de novas perguntas científicas.