Calidoscópio (Mar 2022)

Paulo Freire em memes: caricaturas de um país dividido

  • Ana Paula Marques Beato-Canato,
  • Adriana Cristina Sambugaro de Mattos Brahim,
  • Clarissa Menezes Jordão

DOI
https://doi.org/10.4013/cld.2021.194.03
Journal volume & issue
Vol. 19, no. 4

Abstract

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Estamos vivendo tempos de polarização de nossa sociedade e, em meio a ela, a figura de Paulo Freire tem sido central em diferentes embates. A intenção deste texto é compreender como a publicização de memes em redes sociais tem contribuído para a construção de uma narrativa de descrédito do patrono da educação brasileira. A fim de alcançar esse objetivo, foram selecionados memes sobre Paulo Freire compartilhados pelo Movimento Escola Sem Partido em seu perfil nas redes sociais. Tais dados foram analisados à luz da teoria do dialogismo do Círculo de Bakhtin (Bakhtin, 2010; 2015; 2017; Volóchinov, 2017), e ao pensamento do próprio Freire (1967; 1987; 1992; 1996). Os resultados apontam para o uso intencional de termos pejorativos e de baixo calão na produção de tais textos, que têm potencial para causar excitabilidade e adesão de um público contrário a ideias progressistas. Nessa arena, vozes antagônicas aparecem de modo acanhado nos comentários e apontam a necessidade de buscar formas de resistência por meio não apenas de leituras críticas, mas também de engajamento com os processos de construção discursiva a fim de compreender como diferentes ideologias são construídas na linguagem. Palavras-chave: Paulo Freire; Escola Sem Partido; Círculo de Bakhtin.