Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

RELATO DE CASO: CERATOSE ACTÍNICA ASSOCIADA A IBRUTINIB

  • LM Lorenzini,
  • VT Almeida,
  • GH Shiraishi,
  • MFL Pezzi,
  • AH Schuck,
  • LV Calderan,
  • TS Hahn,
  • BK Losch,
  • EW Silva,
  • GR Bosi

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S167 – S168

Abstract

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Introdução: Ceratose actínica (CA) é uma lesão cutânea resultante da proliferação de queratinócitos atípicos. Essa patologia, sem o devido tratamento, pode progredir para carcinoma de células escamosas. O maior fator de risco para o aparecimento da CA é a exposição solar crônica, porém já são citados na literatura o surgimento de tais lesões devido à medicamentos, como por exemplo o Ibrutinibe. Objetivo: Relatar um caso de CA em paciente diagnosticada com leucemia linfocítica crônica (LLC) que estava em tratamento com Ibrutinibe. Relato de caso: Paciente feminina, 75 anos, diagnosticada com LLC em 2010, realizado múltiplos esquemas de tratamento, e em de 2019 apresentou astenia progressiva e surgimento de múltiplas linfonodomegalias, predominantemente cervicais e supraclaviculares, configurando recidiva da LLC. Foi realizado pesquisa FISH, que apresentou deleção TP53 e IgVH não mutado, sendo então indicado o uso de Ibrutinib. Durante o seguimento, iniciou com lesões crostosas na pele, de caráter progressivo e pruriginoso, espalhadas pelo corpo, sendo realizado biópsia pela atipia das lesões que demonstrou apenas ceratose actínica. Em março de 2022, o Ibrutinibe foi suspenso, a fim de avaliar a necessidade de troca ou não para outro medicamento, tendo melhora da CA nesse período, porém, devido à atividade da doença, foi necessário retorno da medicação após 60 dias. Em fevereiro de 2023, apresentou piora tanto do quadro hematológico quanto das lesões de pele, sendo indicado mudança do tratamento. Após novo esquema com Rituximab e Venetoclax, paciente apresentou resolução completa das lesões de pele. Discussão: O ibrutinibe é um inibidor oral, seletivo e irreversível da tirosina quinase de Bruton (BTKi) aprovado para o tratamento de LLC. A toxicidade cutânea é relatada em até 47% dos pacientes e os padrões de reação mais comuns relatados incluem erupção cutânea, petéquias, paniculite e alterações de cabelo e unhas, podendo ser necessário a interrupção do uso do medicamento, redução da dose ou terapia específica, impactando substancialmente o cuidado geral do paciente. A Ceratose actínica, carcinomas de células escamosas e carcinomas basais foram relatados como efeito colateral do ibrutinibe em estudos principais. De 78 pacientes que receberam ibrutinibe 420 mg diariamente por uma média de 47,9 meses, 4 tiveram carcinoma de células escamosas (5,13%). Contudo, dado o aumento bem estabelecido na incidência desses cânceres de pele em pacientes com malignidades de células B, permanece especulativo a causalidade do ibrutinib como um fator indutor ou desencadeante. Conclusão: Apesar da exposição solar ser o maior fator de risco para o aparecimento de ceratose actínica, alguns estudos relatam que o uso de ibrutinib também pode ser o causador do aparecimento dessas lesões em alguns pacientes. No entanto, relacionar de uma forma direta o uso de ibrutinibe e o surgimento de cânceres de pele ainda é especulativo.