Revista Psicologia e Saúde (Jan 2018)
Uma Abordagem Linguageira do Mal-Estar
Abstract
Este artigo parte da discussão sobre a concepção freudiana de cultura, para derivar uma perspectiva de oposição entre, de um lado, o desamparo radical da cria humana enquanto uma espécie de medida da condição ética e, de outro, posicionamentos de defesa do reducionismo dos fenômenos psíquicos a determinantes biológicos, naturalistas e/ou fisicalistas, como um modo de escamoteamento do mal-estar daí decorrente. Ao tomar a concepção de cultura como um operador de leitura, o artigo delimita distinções estruturais entre as práticas de reconhecimento do mal-estar por abordagens discursivas – seguindo a orientação de Lacan em seu retorno a Freud – e aquelas que buscam embasamento epistemológico no modelo das ciências da natureza. Como resultado, defendemos que uma delimitação, em termos de linguagem para o mal-estar, implica na condição clínica de sua narratividade e na inclusão de uma concepção de sujeito incompatível com o modelo das ciências da natureza.
Keywords