Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (Dec 2011)

Zumbido no trabalhador exposto ao ruído Tinnitus in noise-exposed workers

  • Sandra Regina Weber,
  • Eduardo Périco

DOI
https://doi.org/10.1590/S1516-80342011000400016
Journal volume & issue
Vol. 16, no. 4
pp. 459 – 465

Abstract

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OBJETIVO: Verificar as características, prevalência e repercussão do zumbido em trabalhadores expostos ao ruído. MÉTODOS: Um total de 585 trabalhadores de uma indústria alimentícia foi questionado sobre zumbido. Aqueles que referiram zumbido por mais de cinco minutos e há mais de seis meses responderam à entrevista abordando histórico ocupacional e do zumbido, responderam ao questionário Tinnitus Handicap Inventory, e realizaram audiometria tonal. Foi realizada análise estatística dos dados. RESULTADOS: Foi encontrada prevalência do zumbido de 7,2% (n=42), tempo médio de exposição ao ruído de três anos e oito meses e tempo médio de percepção do zumbido de três anos e sete meses. Verificou-se predomínio da percepção intermitente (88%), bilateral (53,4%), com início progressivo (66,7%). Um total de 50% não apresentou perda auditiva. Os sujeitos referiram que o zumbido interfere principalmente na concentração; estresse, silêncio e barulho foram os fatores de piora mais citados. Houve diferença entre o tempo de exposição ao ruído e o tempo de percepção do zumbido nos indivíduos sem perda auditiva. CONCLUSÃO: A ausência de perda auditiva em metade dos indivíduos e a correlação entre tempo de exposição ao ruído e tempo de percepção do zumbido, nestes indivíduos, apontam para um possível efeito do ruído não limitado ao sistema auditivo periférico e para a necessidade de inclusão do zumbido nos programas de conservação auditiva.PURPOSE: To verify the characteristics, prevalence, and repercussion of tinnitus in noise-exposed workers. METHODS: A total of 585 workers from a food industry were questioned about tinnitus. Individuals that reported tinnitus with duration of more than five minutes and for more than six months answered an interview regarding occupational and tinnitus histories, answered to the Tinnitus Handicap Inventory questionnaire, and carried out a pure tone audiometry. Data were statistically analyzed. RESULTS: Tinnitus prevalence was 7.2% (n=42), the average noise exposure time was three years and eight months, and the average tinnitus perception time was three years and seven months. There was a predominance of intermittent (88%) and bilateral (53.4%) perception, with progressive onset (66.7%). A total of 50% didn't present hearing loss. The subjects reported that tinnitus interferes mainly in concentration; stress, silence and noise were the worsening factors most frequently mentioned. There was a difference between noise exposure time and tinnitus perception time in individuals without hearing loss. CONCLUSION: The absence of hearing loss in half the individuals and the correlation between noise exposure time and tinnitus perception time, in these subjects, suggest a possible effect of noise not restrained to the peripheral auditory system, and the need to include tinnitus in hearing conservation programs.

Keywords