Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
SÍNDROME MIELODISPLÁSICA NO BRASIL: ANÁLISE DAS TENDÊNCIAS DIAGNÓSTICAS
Abstract
Objetivo: Descrever as tendências no diagnóstico de síndrome mielodisplásica no Brasil entre o período de 2014 e 2023 e sua associação com variáveis demográficas, sexo e faixa etária. Metodologia: Refere-se a um estudo documental quantitativo, retrospectivo e descritivo, realizado com base em informações referentes aos casos de síndrome mielodisplásica diagnosticados no período de 2019 a 2023, disponíveis no banco de dados do Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA), no banco de informações em saúde TABNET (DATASUS). Nesta pesquisa, foram utilizadas as seguintes variáveis: sexo e faixa etária, fazendo uma comparação entre regiões do país e casos por ano. Resultados: Houve um aumento de 117,8% nos diagnósticos de Síndrome Mielodisplásica (SMD) no Brasil, de 450 casos em 2014 para 980 casos em 2023. Em se tratando da distribuição por sexo, em 2023, 54,1% dos casos diagnosticados eram homens (530 casos) e 45,9% eram mulheres (450 casos). Já na análise da faixa etária, nota-se que a maioria dos casos ocorreu em indivíduos acima de 60 anos, que representaram 65% dos diagnósticos em 2023. A faixa etária de 40 a 59 anos teve 25% dos casos, enquanto os indivíduos com menos de 40 anos representaram 10% dos diagnósticos. A região Sudeste apresentou o maior número de casos em relação ao total (40%), enquanto a menor taxa é da região Norte (5%). Discussão: Este estudo epidemiológico apresentou relevancia por fortalecer o direcionamento assertivo aos cuidados de saúde em pessoas com Síndrome Mielodisplásica (SMD), sobretudo a partir da identificação da maior incidência em pessoas do sexo masculino e acima de 60 anos. Aproximadamente 65% dos pacientes com SMD têm mais de 60 anos de idade no momento do diagnóstico e a taxa de incidência dobra a cada década acima dos 40 anos de idade. Apresentando um curso clínico extremamente variável, ela se enquadra em um espectro que varia desde um curso estável da doença ao longo de 10 ou mais anos, até evolução para morte, com evolução acelerada entre alguns meses subsequente à complicações de citopenia ou transformação leucêmica. Além disso, o fato de ter um aumento no número de casos entre 2014 e 2023, sendo a maior quantidade de pacientes no Sudeste, demonstra que a SMD é uma doença que necessita de estratégias de prevenção e diagnóstico precoce. Conclusão: Diferenças étnicas e influências regionais desempenham um papel significativo na patogênese e estabelecimento da Síndrome Mielodisplásica. Sendo assim, fatores genéticos, fatores étnicos, ocupacionais, de estilo de vida e ambientais contribuem para a história natural e desenvolvimento da síndrome em questão. A compreensão desses aspectos é crucial para o desenvolvimento de estratégias eficazes de prevenção, diagnóstico precoce e manejo da SMD, visando melhorar a qualidade de vida dos pacientes e otimizar os recursos de saúde.