Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

AVALIAÇÃO DA RESPOSTA SOROLÓGICA ENTRE CINCO DIFERENTES TIPOS DE VACINA CONTRA COVID-19 EM PACIENTES COM LMC - ESTUDO DE VIDA REAL

  • ACM Toreli,
  • M Miranda-Galvis,
  • M Addas-Carvalho,
  • E Miranda,
  • L Fechio,
  • AS Duarte,
  • A Basso,
  • G Duarte,
  • S Medina,
  • F Pericole,
  • B Benites,
  • R Kolhe,
  • K Jones,
  • H Singh,
  • STO Saad,
  • CA Souza,
  • JE Cortes,
  • K Pagnano

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S427 – S428

Abstract

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Objetivos: Analisar as taxas de soroconversão entre cinco diferentes tipos de vacinas contra COVID-19, em pacientes com Leucemia Mieloide Crônica (LMC) Avaliar a associação entre resposta sorológica, inibidores de tirosina quinase (ITQs) e resposta ao tratamento da LMC. Métodos: Avaliamos prospectivamente uma coorte de pacientes com LMC de dois centros (Brasil e EUA) que receberam ao menos duas doses de vacina contra COVID-19. Foram coletadas amostras para dosagem de anticorpos IgG contra SARS-CoV-2. Resultados: Entre agosto de 2021 e dezembro de 2022, foram avaliados 135 pacientes com LMC (132 brasileiros; 33 norte-americanos). As características clínicas e demográficas de ambos os centros foram similares, sendo 59% e 57% do sexo masculino, respectivamente (p = 0.90). A média da idade foi 58 (33-85) e 64 (26-80) anos (p = 0.82). Os pacientes da coorte brasileira declararam-se hispânicos, enquanto 7,5% da coorte americana declararam essa etnia (p = 0.001). A maioria dos pacientes apresentou LMC em fase crônica ao diagnóstico (96% vs. 97%, p = 0.85) e durante avaliação do estudo (98% vs. 100%, p = 0.42). A maioria recebeu ITQs e 11% estava sobre descontinuação (87% vs. 94%; 13% vs. 6%, p = 0.28). Na coorte brasileira, o principal ITQ utilizado foi Imatinibe (60%); 37% receberam ITQ de 2ªgeração (Dasatinibe, Nilotinibe, Bosutinibe) e 2% de 3ª geração (Ponatinibe). Na coorte americana, os principais ITQs utilizados foram de 2ª geração (61%), Imatinibe foi utilizado em 30% dos pacientes e ITQs de 3ª geração (Ponatinibe, Asciminibe) em 9% (p < 0.0001). A maioria apresentou ao menos resposta molecular maior (RMM) (82% vs. 73%, p = 0.24). Os principais tipos de vacina aplicadas nos pacientes brasileiros foram AstraZeneca e CoronaVac no esquema inicial de duas doses (66.5% e 29%, respectivamente), enquanto Moderna e Pfizer-BioNTech foram aplicadas nos pacientes norte-americanos (64% e 33%). Cerca de 13% apresentaram COVID-19 antes da vacinação e 26% após. Não foram identificados casos graves de COVID-19. Preditores independentes de maiores taxas de soroconversão foram o tipo de vacina e a resposta ao tratamento da LMC. Maiores taxas de soroconversão foram observadas nos pacientes que receberam vacinas de RNAm (Moderna e Pfizer-BioNTech) e vacinas de vetor viral recombinante (AstraZeneca e Janssen) em comparação aos pacientes que receberam vacina de vírus inativado (CoronaVac) (HR: 2.20; 95%CI 1.07-4.51; p < 0.031). Pacientes com RMM ou mais profundas apresentaram taxas de soroconversão significativamente maiores em comparação aos pacientes sem RMM (HR: 1.51; 95% CI 1.01-3.31; p < 0.0001). Discussão: Pacientes que receberam vacinas de RNAm ou de vetor viral recombinante e com ao menos RMM apresentaram maiores taxas de soroconversão. Estudos prévios demonstraram que pacientes com LMC apresentaram taxas de soroconversão semelhante a população geral, principalmente após receberem vacina de RNAm. Existem poucos dados sobre resposta após receberem vacinas de vírus inativado ou de acordo com tipo de ITQ e fase da doença. Em estudo realizado no nosso centro, antes da vacinação a taxa de casos moderados/graves da COVID-19 em LMC foi de 10,7%, com mortalidade de 6,3%. Conclusão: Nossos dados demonstram que maiores taxas de soroconversão ocorreram em pacientes que receberam vacinas RNAm ou Vetor Viral. No entanto, todos os tipos de vacina foram eficazes na prevenção de casos graves de COVID-19 em pacientes com LMC.