Oculum Ensaios (Sep 2022)

Entre riscos

  • Caroline Gonçalves dos Santos,
  • Melissa Mota Alcides

DOI
https://doi.org/10.24220/2318-0919v19e2022a5197
Journal volume & issue
Vol. 19

Abstract

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A cidade de Maceió, capital de Alagoas, tem sido palco de um êxodo intraurbano em meio à pandemia do novo coronavírus. A atividade de mineração de sal-gema, por mais de quarenta anos, levou à desestabilização do solo, provocando rachaduras em imóveis e vias localizados nas superfícies dos poços de extração, que foram evidenciadas a partir de 2018, demandando a desocupação de pelo menos quatro bairros. O processo de remoção foi iniciado em janeiro de 2020 e teve continuidade, apesar da crise sanitária gerada pelo novo coronavírus, de modo que se tem mais de 57 mil refugiados ambientais diante de um contexto complexo de riscos, sejam eles: geológico-geotécnico, de contaminação pelo novo vírus, e/ou social, quando se agudizam as situações de vulnerabilidade. Este artigo objetiva discutir os impactos territoriais da mineração na cidade de Maceió e, sobretudo, na população atingida. Para tanto, foram feitos levantamentos de notícias, consulta aos relatórios divulgados, documentos oficiais, e entrevistas com as famílias realocadas. Com isso, identificam-se profundas modificações na dinâmica territorial da cidade, ainda não percebidas na sua totalidade em face à diminuição de circulação de pessoas durante a pandemia, bem como a grande pressão sobre o mercado imobiliário e o Estado em razão do aumento repentino pela busca de novas moradias. Entretanto, são os refugiados ambientais e a população do entorno imediato que convivem com o acúmulo de riscos.

Keywords