Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)
DESCARTE SOROLÓGICO NOS GRUPOS DE DOADORES DE AUTOEXCLUSÃO E DESCARTE SUBJETIVO NA TRIAGEM CLÍNICA NO ANO DE 2022 NA COLSAN – ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE DE COLETA DE SANGUE
Abstract
Introdução: Para garantir a segurança transfusional, os bancos de sangue dispõem de diversas barreiras nas etapas da doação. Na triagem clínica, além das perguntas da entrevista que podem levar à recusa do doador, existem outras ferramentas que contribuem para minimizar a possibilidade de eventual comportamento de risco do doador. A entrevista deve avaliar os antecedentes e estado atual do candidato à doação. Nessa etapa pode-se utilizar da ferramenta de descarte subjetivo (DS), no qual o triador julga as informações dadas pelo doador que possam apresentar caráter duvidoso. A auto exclusão (AE) é uma oportunidade para o doador informar, de forma sigilosa, que seu sangue não é seguro, caso tenha omitido comportamentos considerados de risco na entrevista. Nos casos de DS ou AE, os hemocomponentes produzidos serão descartados independentemente dos resultados sorológicos, pois o doador pode ter se infectado recentemente e estar no período de janela imunológica. Objetivo: Comparar o descarte sorológico nos grupos de doadores de autoexclusão e descarte subjetivo com o descarte geral. Material e métodos: : Foi realizado levantamento de 164.280 doações realizadas nos postos de coleta da Colsan no ano de 2022 e avaliado as doações rejeitadas na triagem clínica por DS e AE, e as doações rejeitadas por sorologia reagente. Os dados utilizados foram coletados do sistema informatizado da Instituição e analisados no Excel. Resultados: : No ano de 2022, a Associação recebeu 164.280 doadores, sendo 890 (0,54%) considerados DS e 822 (0,50%) AE. Dos 164.280 doadores, 3.239 apresentaram sorologia positiva para algum parâmetro (1,91%). Quando analisamos os grupos de DS e AE, a quantidade de doadores com sorologia positiva foi de 57 (6,29%) e 41 (4,74%), respectivamente, representando um descarte 3,3 vezes maior no grupo DS e 2,5 vezes maior no grupo AE, comparados com o total de doadores. Considerando a reatividade por parâmetro, sífilis foi positivo em 0,88% do total de doadores, 4,16% de DS e 2,80% de AE; Anti-HBC foi positivo em 0,51% do total de doadores, 1,01% de DS e 1,09% de AE. Anti-HCV foi positivo em 0,18% do total de doadores, 0,34% de DS e 0,12% de AE. Anti-HTLV foi positivo em 0,12% do total de doadores, 0,34% de DS e 0,24% de AE. HIV foi positivo em 0,12% do total de doadores, 0,34% de DS e 0,24% de AE. Chagas foi positivo em 0,06% do total de doadores, 0,11% de DS e 0,12% de AE. HBsAg foi positivo em 0,03% do total de doadores, em nenhum DS e em 0,12% de AE. Discussão e conclusão: : Os resultados mostram uma maior proporção de amostras reagentes nos grupos AE e DS, o que sugere que o risco de uma janela imunológica dentro destes grupos também seja maior. A alta incidência de alterações sorológicas demonstra a importância dessas ferramentas junto à triagem clinica e sorológica. Embora o descarte de bolsas classificadas como DS e AE ocorra mesmo em bolsas adequadas para uso, avaliamos que o descarte é baixo e traz uma barreira adicional para segurança transfusional.