Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

POLIMORFISMOS NO GENE SELP COMO MODULADORES DO QUADRO CLÍNICO DE PACIENTES COM ANEMIA FALCIFORME

  • RN Bernardo,
  • GS Arcanjo,
  • AP Silva,
  • MV Diniz,
  • AM Silva,
  • ABD Santos,
  • GLGD Santos,
  • AS Araújo,
  • BLD Hatzlhofer,
  • MAC Bezerra

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S74 – S75

Abstract

Read online

Objetivos: A Anemia Falciforme (AF) é caracterizada principalmente por episódios de dor devido às crises vaso-oclusivas (CVOs) que levam a complicações como o AVC, além da síndrome torácica aguda (STA) e osteonecrose. O gene SELP codifica a P-selectina, uma proteína responsável pela adesão celular, mediando a interação entre células endoteliais, plaquetas e leucócitos. Polimorfismos neste gene podem influenciar a expressão e função da P-selectina, afetando a severidade e a frequência das CVOs e as outras complicações da AF. Assim o objetivo deste trabalho foi verificar a existência de associação entre as frequências alélicas e genotípicas dos polimorfismos de SELP com as manifestações clínicas em pacientes adultos com anemia falciforme. Métodos: Este estudo foi realizado com 372 pacientes com AF acompanhados no HEMOPE, Recife-PE. Os dados clínicos dos pacientes foram coletados a partir de prontuários médicos. Foram selecionados três polimorfismos de nucleotídeos únicos (SNPs) do gene SELP : rs6131, rs6133 e rs1800805, que foram genotipados através da técnica de PCR em tempo real. Resultados: Para o polimorfismo rs6133 ao aplicar o modelo de associação codominante, observamos que indivíduos com genótipo homozigoto selvagem GG apresentavam menor frequência de síndrome torácica aguda, seguido dos pacientes com genótipo variante TT e genótipo heterozigoto GT com maior frequência da complicação (P = 0,025). No entanto, os outros dois SNPs, rs6131 e rs1800805, não mostraram associação significativa com as complicações clínicas investigadas, como CVO e osteonecrose. Discussão: Estudos anteriores associaram os polimorfismos no gene SELP com o aumento de sP-selectina, fator que contribui para o aumento na ocorrência de doenças cardiovasculares e trombóticas. Neste trabalho, demonstramos pela primeira vez a associação do SNP de SELP rs6133 com a ocorrência de STA em pacientes com AF. A P-selectina tem sido relacionada com a inflamação induzida pelo grupo heme livre, favorecendo o dano pulmonar agudo na AF. Além disso, já foi observado que a P-selectina estava constitutivamente mais expressa nos pulmões de camundongos HbSS quando comparado a animais sem Hb SS, sugerindo papel desta molécula em complicações pulmonares como a STA. Conclusão: Portanto, o polimorfismo rs6133 no gene SELP está associado a um risco maior de desenvolvimento de STA em pacientes com AF, podendo ser um importante marcador genético na modulação do quadro clínico da doença. Essa associação ilustra a necessidade de investigações futuras avaliando a associação dos polimorfismos de SELP em haplótipos e a relação do rs6133 com os níveis de sP- selectina, a fim de melhor compreender seu papel na fisiopatologia da STA.