Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

HEMOCULTURA POSITIVA PARA BACILLUS SPP.: INVESTIGAÇÃO E ANÁLISE DE CASOS

  • Fabiana Silva Vasques,
  • Valeria Egea Bastos Gomes,
  • Aliana M. Fernandes,
  • Cristhieni Rodrigues,
  • Luciana Rodrigues da Silva,
  • Jara Libia Costa Louredo,
  • Leonardo B. Rodrigues,
  • Raquel Keiko de Luca Ito,
  • Odeli Nicole Encinas Sejas,
  • Camilada Silva B icalho,
  • Edson Abdala

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103370

Abstract

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Introdução/Objetivo: Bacillus spp. são bactérias em forma bastonetes, Gram positivas, podendo estar associadas a microbiota cutânea habitual ou a contaminação de amostras clínicas. No entanto, algumas espécies (Bacillus cereus), estão relacionadas a infecções em humanos, especialmente imunodeprimidos. Em nossa Instituição, observamos aumento de Hemoculturas (HMC) positivas para Bacillus spp. no primeiro semestre de 2022(1,08%), quando comparado a 2021(0.06%). Neste contexto, o presente estudo tem como objetivo descrever a investigação, análise dos casos, e o impacto das medidas de intervenção. Método: Estudo descritivo, retrospectivo, comparativo, realizado em hospital privado de alta complexidade. Etapas das ações. A primeira foi de investigação e análise (abr‒mai/2022), com avaliação do perfil dos pacientes e correlacionando com a unidade de internação. A segunda foi de intervenção (mai‒jul), com a tentativa de identificar possíveis fontes de contaminação das amostras e ações corretivas estruturais e de processos; incluiu auditoria e revisão da coleta e transporte de materiais, seguida por treinamento, revisão dos processos na fase analítica e avaliação da estrutura física laboratorial. A terceira foi de acompanhamento, que se estendeu até fev/2023. Em todas as etapas foram avaliadas as HMC positivas para Bacillus spp. e a taxa de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS). Resultado: Entre jan/2021 e fev/2023, detectamos 118 amostras de HMC positivas para Bacillus spp., em 77 pacientes, porém apenas 7 (9%) pacientes (26 amostras no total) evoluíram com sinais clínicos que resultaram em IRAS. Portanto, 77,9% (n=92) das amostras foram consideradas contaminantes. Este dado infere em uma possível contaminação na fase pré-analítica (coleta e/ou transporte) e/ou na fase analítica (processamento laboratorial da amostra), o que direcionou as principais ações. Analisando apenas o ano de 2022 por semestre, a taxa de positividade das amostras foi de 1,08% no primeiro semestre, para 0,24% no segundo semestre, período após início das intervenções. Nos dois primeiros meses de 2023, a taxa de positividade foi de 0,30%. Conclusão: A investigação demonstrou que a maioria dos casos de Bacillus spp. em hemocultura foi definida como contaminação. Intervenções de auditoria e treinamento, nas fases pré-analíticas e analíticas, foram capazes de diminuir a incidência. Entretanto, ainda se observam oportunidades de intervenção para obtenção de resultados ainda melhores.

Keywords