Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Feb 2023)

Interações medicamentosas potenciais em unidades de terapia intensiva

  • Tamiles Daiane Borges Santana,
  • Ana Mércia Silva Mascarenhas,
  • Nara Jacqueline Souza dos Santos,
  • Diana Silva Lopes,
  • Gisele da Silveira Lemos

DOI
https://doi.org/10.22563/2525-7323.2019.v4.s1.p.78
Journal volume & issue
Vol. 4, no. s.1

Abstract

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Introdução:Interações Medicamentosas Potenciais (IMP) consistem na modificação do efeito terapêutico de um medicamento pela coadministração de outro, configurando-se como uma causa de problema relacionado ao medicamento, que, quando manifestada, tem impactos negativos sobre a morbidade, a mortalidade, o tempo de hospitalização, a qualidade de vida e os custos em saúde.A identificação e monitoramento das IMPsão importantes para implementar medidas para garantir a efetividade e segurança do paciente.Objetivo:Analisar IMP em prescrições médicas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital de ensino.Métodos:Estudo descritivo,realizado em um hospital público geral de ensino, com 276 leitos, sendo 29 leitos de UTI, que presta assistência de alta e média complexidade. Foram analisadas as prescrições médicas com os seguintes critérios de inclusão: paciente internado por período igual ou superior a 24 horas e com internação entre maio e junho de 2019.As interações fármaco-fármaco foram classificadas em relação à gravidade, adotando as especificações do Micromedex®: contraindicada (quando os medicamentos são contraindicados para uso concomitante); grave (quando a interação pode trazer riscos à vida do paciente e requer intervenção médica imediata); moderada (quando a interação pode resultar em exacerbação da condição clínica do paciente ou demandar alteração da terapia)e leve (quando a interação pode ter efeitos clínicos limitados, sem demandar alterações na terapia medicamentosa). A qualidade da documentação foi classificada de acordo com as especificações do Micromedex®: excelente, boa e falha.Resultados: Dentre as 45 prescrições analisadas, foram encontradas um total 156 IMP, sendo 76 distintas. Do total de IMP foram encontradas 5 (3,1%) contraindicadas, 86(55,2%) graves, 49(31,4%) moderadase 16(10,3%) leves.As 5 IMP mais frequentes foram: Fentanil x Midazolam – grave (8,3%), Midazolam x Omeprazol – moderada (5,1%), Omeprazol x Fenitoína – moderada (3,8%), Fentanil x Fenitoína – grave (3,8%) e Haloperidol x Prometazina – grave (3,2%). Das IMP contraindicadas foram encontradas: Haloperidol x Metoclopramida (em duas prescrições), Atropina x Cloreto de Potássio, Metoclopramida x Risperidona e Fluconazol x Haloperidol. As 76 IMP distintas foram classificadas por documentação: excelente: 7 (9,2%); boa25 (32,9%) e falha 44(57,9%). Das IMP com documentação excelente foram encontradas 5 graves e 2 moderadas; para as com documentação boa 7 interações graves, 12 moderadas e 6 leves; para as com documentação falha 4 interações contraindicadas, 30 graves, 9 moderadas e 5 leves. Conclusão:O estudo evidenciou uma elevada frequência de IMP nas prescrições médicas das UTI. Os prescritores devem ser alertados para o reconhecimento do problema e criados mecanismos para o manejo adequado e prudente, diminuindo iatrogenias para garantir a segurança dos pacientes.