Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

FATORES ASSOCIADOS À QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À SAÚDE DE PACIENTES COM DOENÇA DO ENXERTO CONTRA O HOSPEDEIRO

  • N Nakagawa,
  • EA Oliveira-Cardoso,
  • JBE Dias,
  • F Pieroni,
  • ABPL Stracieri,
  • ACJ Vieirab,
  • MC Oliveira,
  • F Traina,
  • MAD Santos

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S924 – S925

Abstract

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Introdução e objetivo: A doença do enxerto contra o hospedeiro (DECH) acarreta considerável sofrimento emocional ao paciente, contribuindo para a depreciação de sua qualidade de vida (QV). Este estudo teve como objetivo avaliar a QV de pacientes adultos com DECH. Métodos: Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo-exploratório, de corte transversal. Adotou-se o conceito proposto pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que define QV como a percepção pessoal que um indivíduo tem de sua vida. A amostra foi composta por 18 pacientes (13 homens e cinco mulheres), com diagnóstico de doenças hematológicas malignas, com idade entre 20 e 59 anos, acompanhados em um ambulatório de um hospital-escola público do interior do estado de São Paulo, Brasil. Foi utilizado o Questionário Genérico de Avaliação de Qualidade de Vida (SF-36), que avalia oito componentes em uma escala de zero (pior QV) a 100 (melhor QV), sendo: Capacidade Funcional (CF), Aspectos Físicos (AF), Saúde Mental (SM), Vitalidade (Vit), Aspectos Emocionais (AE), Aspectos Sociais (AS), DOR (avalia sua ausência) e Estado Geral de Saúde (EGS). A aplicação ocorreu presencialmente nos retornos ambulatoriais por um período de seis meses. Os dados foram analisados segundo as recomendações técnicas do questionário e submetidos à análise estatística. Resultados: Os resultados indicaram que os componentes mais prejudicados foram: AF (X = 33,3; DP = 39,3) e SM (X = 48,1; DP = 48,8). Quando comparados os valores de cada componente verifica-se que AF apresenta um valor significativamente inferior em comparação com os demais, com exceção da SM. Os demais componentes estavam preservados: DOR (X = 73,2; DP = 26,1); AS (X = 70,2; DP = 25,4); AE (X = 71,1; DP = 15,7); CF (X = 70,8, DP = 25); Vit (X = 68,9; DP = 12,9), e EGS (X = 67,2; DP = 19,1). Alguns aspectos aparecem com correlação positiva moderada com outros componentes da qualidade de vida: AE e AS (r = 0,705, p = 0,001); AE e AF (r = 0,576, p = 0,018), AE e DOR (r = 0,479, p = 0,044), CF e DOR (r = 0,668, p = 0,002), AS e DOR (r = 0,516, p = 0,028), EGS e idade (r = −0,504, p = 0,033). Discussão: Os resultados são relevantes para a compreensão da QV como um constructo complexo e formado por múltiplos componentes, que são autorreferidos, dinâmicos e podem influenciar-se mutuamente. Destacam-se, nos resultados, os índices de AF e SM, o que indica que os pacientes consideraram, nas últimas semanas, seu bem-estar físico afetado, e que tiveram dificuldades de realizar atividades cotidianas. Também avaliam negativamente a saúde psicológica e emocional, apresentando aspectos como bem-estar emocional e humor prejudicados. De fato, em comparação com os demais componentes, os valores médios de AF e SM tendem a ser menores, denotando pior QV. Conclusões: O estudo fornece evidências de que a avaliação da QV dos pacientes com DECH pode contribuir para a compreensão dos impactos subjetivos do quadro e, assim, oportunizar melhores condições de tratamento (Apoio: Bolsas Pub-USP).