Ágora (Jan 2012)

Os inventários dos bens de Amato Lusitano, Francisco Barbosa e Joseph Molcho, em Ancona, na fuga à Inquisição (1555)

  • António Manuel Lopes Andrade,
  • Hugo Miguel Crespo

DOI
https://doi.org/10.34624/agora.v0i14.1.9905
Journal volume & issue
no. 14.1

Abstract

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Os autos-de-fé de Ancona, entre Abril e Junho de 1556, durante o pontificado de Paulo IV, constituíram um dos episódios mais trágicos da diáspora sefardita na Península Itálica, no qual foram martirizados cerca de três dezenas de judeus portugueses. Os comissários papais começaram por apreender, inventariar e avaliar os bens de inúmeros membros da comunidade judaico-portuguesa, entre os meses de Agosto e Novembro de 1555, pouco depois da ascensão do cardeal Carafa ao sólio pontifício. Entre aqueles que viram os seus bens arrolados (subsistem 48 inventários), encontram-se dois reputados médicos, Amato Lusitano e Francisco Barbosa, e um boticário, Joseph Molcho, um dos mártires dos autos-de-fé. Este trabalho pretende fazer a contextualização destes acontecimentos, centrada na situação particular vivida por estas três figuras da Nação Portuguesa, bem como proceder ao estudo circunstanciado dos inventários dos seus bens. Raros testemunhos documentais dos ambientes domésticos e profissionais construídos por estas figuras da comunidade judaico-portuguesa, permitem estes inventários um conhecimento intimista e um acesso privilegiado, mesmo que mera aproximação, às suas actividades e personalidades, pelo tipo de objectos que escolheram ou puderam reunir em torno de si ou dos seus núcleos familiares.

Keywords