Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

PERFIL CLÍNICO E EPIDEMIOLÓGICO DOS DOADORES COM REAÇÕES ADVERSAS SISTÊMICAS À DOAÇÃO DE SANGUE

  • A Kowes,
  • RC Lima,
  • CS Aurabi,
  • LH Dulley,
  • RC Alves,
  • MCA Olivato,
  • CS Georg,
  • VF Dutra,
  • CH Godinho,
  • DE Fujimoto

Journal volume & issue
Vol. 43
pp. S350 – S351

Abstract

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Objetivos: Reações sistêmicas à doação de sangue são eventos adversos que ocorrem por ativação do sistema nervoso autônomo, estimulado por fatores fisiológicos, psicológicos ou por diminuição da volemia. Estas reações podem trazer experiências pessoais negativas, reduzindo o número de doadores de repetição, com consequente comprometimento dos estoques de sangue. Identificar fatores de risco para ocorrência de reações adversas permite estabelecer estratégias para o cuidado específico aos doadores de sangue. Este estudo visa determinar a prevalência de reações adversas sistêmicas à doação de sangue e descrever o perfil clínico e epidemiológico destes doadores. Material e métodos: Estudo retrospectivo descritivo dos casos de reações adversas sistêmicas à doação de sangue total notificados no Hemocentro da Santa Casa de São Paulo no período de 25 de outubro de 2018 a 31 de dezembro de 2020. Foram excluídas as doações de hemocomponentes por aférese. Os dados foram coletados por sistema informatizado. Foi determinado o padrão de distribuição de variáveis como sexo, idade, tipo de reação, número de doações prévias e manifestação clínica apresentada, com seu respectivo intervalo de confiança de 95% ou p-valor < 0,05. Resultados: No período estudado houve um total de 48.890 doações. Destes, 615 doadores (1,26%) com idade entre 16 e 69 anos (mediana de 29 anos) desenvolveram reações sistêmicas. Estas foram mais frequentes nos doadores do sexo feminino (66,18%, p < 0,0001) e nos de primeira vez (52,36%, p = 0,028). Os sinais e sintomas mais frequentes foram hipotensão (58,21%, 95% IC: 0,54–0,62), palidez (56,42%, 95% IC: 0,52–0,60), tontura (53,33%, 95% IC: 0,49–0,57), sudorese (29,92%, 95% IC: 0,26–0,33) e náuseas (19,51%, 95% IC: 0,16–0,22). Reação vasovagal (54,05%, 95% IC: 0,50–0,57) e hipovolemia (44,15%, 95% IC: 0,40–0,48) foram os tipos de reações mais frequentes. Discussão: A prevalência de reações adversas à doação de sangue diverge na literatura. Isto pode ser devido a heterogeneidade dos critérios de notificação e das características dos doadores no mundo. No nosso estudo houve predominância de reações sistêmicas à doação de sangue em adultos jovens, doadores do sexo feminino e nos de primeira vez, dados os quais do mesmo modo são encontrados em outros estudos na literatura. Da mesma forma, a reação vasovagal foi a mais frequente, sendo responsável por mais da metade das reações. O estudo identifica uma prevalência de reações sistêmicas de 1,26%, porém pode haver subnotificação, pois limita-se às ocorrências durante o atendimento no serviço, com reações mais tardias não sendo notificadas. Por ausência de todos os dados da população de doadores que não desenvolveram reações, não permite definir com significância estatística os preditores de risco para o desenvolvimento de reações adversas. Conclusão: Este estudo conclui que reações sistêmicas à doação de sangue são mais frequentes em doadores do sexo feminino e nos de primeira vez. Identifica maior frequência em adultos jovens, da reação vasovagal e dos sinais e sintomas apresentados, aperfeiçoando o conhecimento do perfil clínico e epidemiológico dos doadores no serviço em maior risco de desenvolver reações adversas. Dessa forma, auxilia na promoção do cuidado e aprimoramento do atendimento aos doadores de sangue.