Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery (Jan 1997)

Uso de oxigênio puro e shunt veno-arterial nos oxigenadores de membrana

  • Domingos Junqueira de MORAES,
  • Mário Coli Junqueira de MORAES,
  • José Ronaldo J DIAS,
  • Paulo MARTINS,
  • Zuleica Coli J. de MORAES,
  • Celita Geraldo de SOUZA,
  • Sérgio Lopes de AZEVEDO,
  • Madalena O GATTI,
  • Maurício NOVAES

DOI
https://doi.org/10.1590/S0102-76381997000100013
Journal volume & issue
Vol. 12, no. 1
p. 77

Abstract

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Cinqüenta pacientes (32 masculinos e 18 femininos) com idade variando entre 31 e 82 anos, peso entre 43 e 98 kg foram submetidos a perfusão normotérmica (34°C a 36°C) e hemodiluição, com o oxigenador de membrana (DMG). Empregou-se um shunt entre a linha arterial e venosa de modo que só uma porcentagem do sangue venoso passou pelo oxigenador. O volume do shunt foi controlado por torniquete graduado e o fluxo constantemente medido por um fluxômetro eletrônico (Biopump). Também a saturação arterial e venosa de hemoglobina foram constantemente medidas por um oxímetro (Oxisat Bentley) colocado na linha de perfusão. Além disso, foram realizadas gasometrias arterial e venosa, cada 20 a 30 min com aparelho de gasometria. O shunt foi colocado antes do filtro arterial, onde a mistura arteriovenosa se completa. O fluxo de perfusão foi mantido com drenagem livre das cavas atingindo em média 45 à 60 ml/kg de peso corporal. Obteve-se saturação arterial de hemoglobina em torno de 90% a 93% e saturação venosa entre 55% e 75%. O hematócrito foi mantido entre 25% e 35%, sendo o mínimo aceito de 20%. Para se obter esses números de saturação de hemoglobina bastou passar 50% do sangue venoso pelo oxigenador, à temperatura corporal entre 34°C e 36°C. Pelas dosagens da gasometria cada 20 min a 30 min, o PH se manteve normal em torno de 7,4, PCO2 entre 20 mmHg e 40 mmHg e PO2 arterial entre 70 mmHg a 90 mmHG. No final da perfusão, ao se aquecer o paciente para 37°C o shunt foi reduzido para ± 30%. A pressão arterial média manteve-se entre 60 mmHg a 80 mmHg. O tempo de perfusão variou de 65 min a 195 min. O sangramento pelos drenos nas primeiras 12 horas do pós-operatório foi entre 350 ml a 650 ml. Nenhum paciente apresentou qualquer grau de disfunção cerebral diagnosticado clinicamente. Houve 2 óbitos hospitalares: 1 paciente, na 2ª semana do pós-operatório, de insuficiência respiratória; outro, de infarto do miocárdio, na 4ª semana. Concluímos que o emprego do shunt veno-arterial e oxigênio puro nos oxigenadores de membrana mostrou ser método adequado para abolir o uso de ar comprimindo e blenders nesses oxigenadores, ao mesmo tempo que, teoricamente, reduz em 40% a 50% os efeitos deletérios ou inflamatórios causados pelos oxigenadores artificiais. Na hipotermia, o método pode ser usado com mais liberdade, conforme trabalho por nós publicado, utilizando oxigenadores de bolhas.Fifty patients, age from 32 to 82 years, were submitted to extracorporeal circulation using a membrane oxygenator (D.M.G.) in which a venous arterial shunt was employed so that only one third to one half of the venous blood were gone through the oxygenator. The gas used in the oxygenator was pure oxygen. The patients were kept with temperature of 34 to 36°C, anestetized with phentanil and full curarization, to decrease to a minimum the O2 comsumption. The average arterial SO2 was ± 90% and the venous saturation ± 70%. There were no significant variations in PCO2 and PH. During perfusion the arterial and venous saturations were monitored with an oxymeter and also the volume of the shunt measured by an electromagnetic flowmeter (Biopump). There were two deaths in the post operative period (two weeks and three weeks after surgery) not related to the perfusion method. We conclude that the use of a venous arterial shunt and pure oxygen in membrane oxygenators can substitute the gas mixture routinely used in these devices and has as advantage to reduce in theory the inflamatory responses produced by the artificial oxygenators.

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