PROA: Revista de Antropologia e Arte (Dec 2017)

De peito aberto. Trânsitos entre o rural e o urbano, a academia e o “mundo lá fora”, o campo e a escrita, o texto e a imagem. Entrevista com Antonio Arantes

  • Daniela Feriani,
  • Guilherme Antunes,
  • Juliana Carneiro,
  • Antonio Augusto Arantes

Journal volume & issue
Vol. 2, no. 7
pp. 238 – 261

Abstract

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A presente entrevista dá continuidade à série Fundadores, dedicada a celebrar a história do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp a partir dos seus primeiros professores – Verena Stolcke[1] (à época Verena Martinez-Alier), Antônio Augusto Arantes e Peter Fry, e das circunstâncias que remontam ao seu feliz encontro, há 46 anos. Realizadas em Campinas, de 3 a 6 de novembro de 2013, por alguns estudantes do Programa, as entrevistas estão vinculadas à 3ª edição das Jornadas de Antropologia John Monteiro e figuram como um importante documento da antropologia no Brasil, abordada/pensada sob o ponto de vista de seus protagonistas. Antonio Augusto Arantes Neto é professor titular colaborador do Departamento de Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e consultor de políticas culturais, especialista em patrimônio cultural. Tornou-se bacharel em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP) em 1965. Fez mestrado em Antropologia (1970), na USP, com a pesquisa “O compadrio no Brasil rural: análise estrutural de uma instituição ritual”, com orientação de Eunice Ribeiro Durham e Edmund Leach. É doutor em Antropologia (1978) pela University of Cambridge / King´s College, onde defendeu a tese “Sociological aspects of folhetos literature in Northeast Brazil”, também com orientação de Edmund Leach. Antonio Arantes foi um dos criadores do Departamento de Antropologia da Unicamp, do qual é o docente mais antigo, contratado em 1968. Foi presidente da ABA - Associação Brasileira de Antropologia (1988-1990), Secretário-geral e membro fundador da ALA - Associação Latino-americana de Antropologia (1990-1993). Presidiu o Condephaat - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (1983-1984) e o IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (2004-2006). Foi membro do júri internacional da III Proclamação das Obras Primas do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade, realizado pela UNESCO (United Nation Educational, Scientific and Cultural), além de ter participado ativamente da redação e implementação da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Intangível (UNESCO, 2005), do Departamento do Patrimônio Imaterial e do Programa Nacional do Patrimônio Imaterial, durante o seu mandato como Presidente do IPHAN. É membro do ICOMOS e tem participado de diversas reuniões internacionais de especialistas em patrimônio cultural.[i] Publicou diversos livros e artigos sobre cultura e política, com ênfase em questões teóricas e práticas relativas ao patrimônio cultural e cultura popular, dentre os quais os títulos citados durante esta entrevista. Em 05 de novembro de 2013, um dia depois de ter feito a sua fala na abertura das Jornadas de Antropologia John Monteiro, Antônio Augusto Arantes, com simpatia e interesse, recebeu-nos numa sala do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp. Em uma conversa descontraída, atravessada por lembranças e desafios de um jovem professor na criação do Departamento de Antropologia da Unicamp, Arantes vai tecendo relações entre o contexto político e institucional da época com a sua rica e diversificada trajetória de pesquisa. Percorre, assim, os diferentes temas e lugares pelos quais passou, como campesinato e sertão baiano, literatura de cordel, produção cultural na cidade de São Paulo, patrimônio, o trabalho no Ministério da Cultura e no Departamento de Patrimônio Histórico da Prefeitura de São Paulo. O professor nos convida, assim, a refletir sobre as possibilidades e potencialidades do fazer antropológico na sua relação dentro e fora da academia e em suas composições entre observação e descrição, campo e escrita, texto e imagem. [1] A entrevista com Verena Stolcke já foi publicada no último número: “Imagina as coisas que se podia imaginar”: jovens antropólogos e uma tese embaixo do braço. PROA: revista de antropologia e arte, n. 7, v.1, jan-jun 2017, pp . 167-179 https://www.ifch.unicamp.br/ojs/index.php/proa/article/view/2880/2201 [i] Curriculum vitae disponível em http://lattes.cnpq.br/1354195248764045.