Arquivos Brasileiros de Cardiologia (Nov 2024)
Anormalidades Cardíacas nas Síndromes Hipereosinofílicas
Abstract
Resumo A Hipereosinofilia (HE) é definida como uma contagem de eosinófilos superior a 1500 células/microL no sangue periférico em dois exames, realizados com intervalo mínimo de um mês e/ou confirmação anatomopatológica de HE, com eosinófilos compreendendo mais de 20% de todas as células nucleadas da medula óssea. A Síndrome hipereosinofílica (SHE) indica a presença de HE com comprometimento de órgãos por ação eosinofílica, podendo ser classificada como primária (ou neoplásica), secundária (ou reativa) e idiopática. O comprometimento cardíaco ocorre em até 5% dos casos na fase aguda e em 20% na fase crônica da doença, variando de casos oligossintomáticos até miocardite aguda fulminante ou cardiomiopatia restritiva crônica (endomiocardite de Loeffler). No entanto, o grau de disfunção cardíaca não se correlaciona diretamente com o grau de eosinofilia. O envolvimento cardíaco na SHE ocorre em três fases: necrótica inicial, trombótica e necrótica final. Pode se manifestar como insuficiência cardíaca, arritmias e fenômenos tromboembólicos. O diagnóstico de cardiopatia é baseado em métodos de imagem multimodalidade, com ênfase na importância do ecocardiograma transtorácico (ETT). Em pacientes com janela acústica limitada, podem ser utilizados agentes de contraste ultrassonográfico, que permitem melhor visualização das bordas endocárdicas e da região ventricular apical. Técnicas para análise da deformação miocárdica podem evidenciar redução do strain em segmentos apicais e preservação nos demais segmentos (reverse apical sparing). A ressonância magnética cardíaca permite a caracterização do realce tardio subendocárdico de gadolínio, e a biópsia endomiocárdica é considerada o padrão ouro no diagnóstico de cardiopatia. O tratamento é baseado na etiologia da SHE.
Keywords