Tempo e Argumento (May 2021)

Aprendizagem conceitual e orientação: uma análise dos estudos da educação histórica em Portugal e no Brasil (2000-2017)

  • Eder Cristiano de Souza

Journal volume & issue
Vol. 13, no. 33

Abstract

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O problema central deste artigo é a relação entre a aprendizagem de conceitos epistemológicos, estruturantes ou de segunda ordem, e a orientação histórica. Se o pressuposto da Educação Histórica é que a apreensão de conceitos mais elaborados, ou sofisticados, qualifica a aprendizagem histórica, como essa aprendizagem contribui para o agir social e a tomada de decisões dos indivíduos? A partir desse questionamento, realizamos um estudo, utilizando como fontes as actas, ou anais, das Jornadas de Educação Histórica, entre 2001-2017. Selecionamos mais de 60 textos, considerados relevantes a partir de critérios definidos para o estudo, efetivando uma análise panorâmica das diversas formas utilizadas pelos diferentes estudiosos para relacionar as duas dimensões que questionamos. Observamos que os estudos da Educação Histórica surgiram a partir da influência inicial dos pesquisadores ingleses, com centralidade da ideia de progressão na aprendizagem dos conceitos epistemológicos, e caminharam gradativamente para um intercâmbio com outras referências e preocupações, como o conceito de consciência histórica. Constatamos que as formas de apropriação e compreensão das relações entre aprendizagem conceitual e orientação temporal foram diversas, com destaque para a presença ainda forte da ideia de progressão conceitual, em Portugal. E, no Brasil, a predominância da ideia de formação da consciência histórica. Por fim, evidenciamos que explorar a relação entre aprendizagem conceitual e orientação histórica é uma questão de certa forma negligenciada, mas também uma possibilidade em aberto, nos estudos sobre aprendizagem histórica nos dois países.