Geologia USP. Série Científica (Oct 2017)
Controle estrutural da borda sudeste da Bacia do Parnaíba, Nordeste do Brasil: relação com eventos geodinâmicos no Gondwana
Abstract
O limite sudeste da Bacia do Parnaíba (BPar), região fronteiriça aos Estados do Piauí, da Bahia e de Pernambuco (Nordeste do Brasil), é cartografado como uma não conformidade entre o Grupo Serra Grande (GSG, Siluriano) e o embasamento pré-cambriano. Todavia, essa borda é caracterizada por uma expressiva orientação NE, paralela ao Lineamento Transbrasiliano,bem como pelo estreitamento das faixas aflorantes das formações siluro-devonianas, em comparação ao observado mais ao norte, na borda leste. Um enxame de fotolineamentos NE, interpretados a partir de imagens de sensores remotos, ocorrem tanto ao longo do limite da bacia com o embasamento cristalino, como nas unidades sedimentares eopaleozoicas. Com o suporte de dados de campo, três padrões estruturais foram reconhecidos e correlacionados a eventos deformacionais distintos. A Deformação Dn, de idade ediacarana-cambriana, é reconhecida apenas no embasamento cristalino pré-cambriano, sendo relacionada a uma etapa tardia, retrometamórfica e de caráter plástico-frágil das zonas miloníticas brasilianas. A assinatura desse evento inclui zonas de cisalhamentos transcorrentes destrais orientadas NE-SW e veios de quartzo preenchendo juntas de distensão E-W. A Deformação Dn+1 corresponde a uma nova etapa de movimentação transcorrente destral nas estruturas NE-SW, acompanhada por falhas normais e juntas de distensão com orientação WNW a E-W, neste caso também afetando as unidades siluro-devonianas. A Deformação Dn+2 é caracterizada por falhas normais, diques básicos correlacionados à Suíte Sardinha, eocretácea), veios silicosos e cristas de arenitos silicificados, todos com orientação NE-SW. Essa última fase resulta de uma distensão com orientação NW-SE, análoga àquela reconhecida mais ao leste, nas Bacias Interiores do Nordeste do Brasil, associada ao rifteamento do Atlântico Sul.
Keywords