Revista de Estudos Literários (Nov 2023)

Grenzen, Geist und Gestus

  • João Lopes

DOI
https://doi.org/10.14195/2183-847X_13_6
Journal volume & issue
Vol. 13

Abstract

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No contexto da literatura intercultural de língua alemã na contemporaneidade, a obra da japonesa Yoko Tawada, sediada em Berlim, ocupa um lugar de destaque. Desde finais dos anos 80, a sua obra tem crescido continuamente tanto na língua japonesa como na alemã: é uma obra bilingue que se move entre as culturas do ocidente e do extremo oriente. A qualidade multíplice da obra de Tawada, no entanto, é irredutível à sua matéria-prima – a língua – refletindo-se também na variedade de géneros de que é feita, desde a prosa ao texto poético, do texto dramático aos poetológico e ensaístico. A obra Talisman de Yoko Tawada, publicada em 1996 e ainda sem tradução em Portugal, é constituída de 16 ensaios literários. Atentaremos em dois temas com especial relevância nessa obra: os temas da tradução e do significado do corpo e da sua representação na obra de Tawada. No corpus de ferramentas analíticas, é importante ter em conta não só uma noção fenomenológica dos vários temas tratados, mas também uma noção antropológica da escrita de Tawada: a antropologia, e a escrita, como uma única forma simultânea de tradução e reescrita. Em suma, a tradução como transposição constante de um horizonte cultural, como facto(r) antropológico base do contacto entre culturas,. Traçar-se-á alguns paralelos entre as reflexões do filósofo José Gil, na sua obra Metamorfoses do Corpo (1980), e Talisman. Adicionalmente, este artigo poderá (tanto gostaríamos de augurar) cumprir a função de ponto de partida, e de diálogo com, a obra de uma escritora contemporânea de relevo que carece ainda de tradução em Portugal.

Keywords