Outra Travessia (Jun 2017)
Revolta jeune-France, bousingotismo e licantropia: o republicanismo de Pétrus Borel (1809-1859)
Abstract
O contexto político da França de 1830 é marcado pela deposição de Carlos X, pela revolução republicana de julho e pela coroação do rei burguês, Luís Filipe I. Nesse contexto, uma nova geração de artistas e escritores, classificada como “pequenos românticos” pela história literária, desponta no campo literário (Bourdieu, 2005) do romantismo francês. Alguns nomes desta juventude romântica, tais como Pétrus Borel, Théophile Gautier e Gérard de Nerval, se reúnem no Pequeno Cenáculo (1829-1833), confraria artística simpatizante das ideias republicanas e avessa à mediocridade e ao mercantilismo da Monarquia de Julho (1830-1848). Pétrus Borel, figura de proa do Pequeno Cenáculo, empreende uma confissão de republicanismo licantrópico no prefácio de sua primeira obra, Rhapsodies (1831). Estas particularidades tornam o Pequeno Cenáculo alvo das críticas do jornal Le Figaro que, por meio da denominação pejorativa de Jeunes-France e de Bousingots, denuncia ironicamente o extravagante artistismo republicano do grupo. Nesse contexto, o presente trabalho trata da relação entre literatura e política na composição da identidade enunciativa de escritor republicano-licantropo cunhada por Pétrus Borel.