Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

COVID LONGA: AVALIAÇÃO DA PERSISTÊNCIA DE SINTOMAS E DA QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES QUE RECEBERAM ALTA APÓS INTERNAÇÃO POR COVID-19 NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA (HUB)

  • Gabriela Gonçalves Almeida,
  • Juliana de Souza Lapa

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 102909

Abstract

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Introdução/Objetivo: A Covid Longa é definida como a presença de manifestações clínicas após um quadro de COVID-19. Neste espectro, a Síndrome Pós-Covid-19 é estabelecida por sinais ou sintomas após 12 semanas ou mais do quadro agudo. Cerca de 45% dos pacientes podem apresentar manifestações compatíveis com Covid Longa. O estudo objetivou estimar a frequência da Síndrome, de sequelas e de não retorno ao trabalho em pacientes que foram internados no HUB por COVID-19. Métodos: Aplicação de questionários por telefone, de outubro de 2020 a março de 2022, para identificar a persistência de manifestações e avaliar o impacto da doença em até 3 meses após alta. O estudo obteve aprovação do Comitê de Ética e os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O desfecho final avaliado foi a presença de Síndrome-Pós-Covid-19. Outros desfechos foram: retorno às atividades laborativas ou estudo e necessidade de diálise ou oxigenoterapia após alta. Foram calculadas frequências absolutas e relativas e, para análise estatística, as variáveis foram submetidas ao teste Chi-quadrado. Resultados: Dos 91 participantes, 63% eram do sexo masculino. A idade média foi de 57 anos. 63% dos pacientes identificavam-se como pretos, pardos ou indígenas. 46% apresentavam escolaridade inferior a 12 anos. Após 3 meses da alta, 20% necessitaram de reinternação, 9% tornaram-se dependentes de oxigenoterapia, 6% necessitaram de diálise e 25% relataram estar em reabilitação física ou motora. Ademais, 41% não retornaram às atividades habituais de trabalho e estudo e 20% relataram apresentar algum sintoma compatível. Os principais sintomas encontrados foram: cansaço, respiração ofegante, esquecimento, mialgia, queda de cabelo e sintomas depressivos. Não foi encontrada associação entre presença da Síndrome e as variáveis sociodemográficas analisadas. Foi verificada associação (p = 0.018) entre ventilação mecânica na internação e realização de diálise em até 3 meses. Também foi verificada associação (p = 0.02) entre escolaridade inferior a 12 anos e não retorno às atividades laborativas ou estudo. Conclusão: A prevalência de Síndrome Pós-COVID-19 após 3 meses foi de 20%. A baixa escolaridade esteve associada ao não retorno às atividades laborativas ou estudo. A ventilação mecânica esteve associada à necessidade de diálise após 3 meses. A identificação de complicações é essencial para organizar os serviços de saúde e para oferecer assistência adequada a estes pacientes.

Keywords