Varia História (May 2023)

“Meu pai não parava um dia de trabalhar... E de fazer política”: O exílio de Miguel Arraes (1965-1979)

  • Débora Strieder KREUZ

DOI
https://doi.org/10.1590/0104-87752023000100005
Journal volume & issue
Vol. 39, no. 79

Abstract

Read online Read online

Resumo O artigo objetiva compreender o exílio de Miguel Arraes, governador de Pernambuco no momento do golpe civil-militar de 1964. Imediatamente foi preso e, em meados de 1965, conseguiu partir para a Argélia, então conhecida como “Meca da Revolução”. Lá ficou exilado até o retorno, em 1979. Aos poucos, foi aglutinando em torno de si um pequeno grupo de apoiadores, sobretudo vinculados ao seu governo deposto, assim como passou a atuar junto ao governo argelino. Durante o exílio, Arraes agiu, conjuntamente com outros militantes, para a elaboração de estratégias de resistência à ditadura, articulando frentes de oposição, publicando denúncias de alcance internacional, participando do Tribunal Bertrand Russel II, entre outros. Mesmo exilado, Arraes foi mantido sob vigilância da ditadura, sobretudo com a ação da embaixada brasileira. Utilizamos, para tanto, memórias acerca do exílio, boletins de denúncia, a documentação produzida pelos órgãos de informação da ditadura e a correspondência diplomática trocada entre a embaixada brasileira em Argel e o Itamaraty. Buscamos compreender como o exílio, além de uma estratégia utilizada para fazer com que saíssem do país aqueles considerados inimigos, foi também um espaço de rearticulação política e criação de outras formas de resistência.

Keywords