Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)
CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO GERAL QUE REALIZOU TESTAGEM PARA O HIV, ENTRE 2020 E 2022, EM UM SERVIÇO DE ATENDIMENTO ESPECIALIZADO, REGIÃO SUL, PERIFÉRICA, DA CIDADE DE SÃO PAULO
Abstract
Introdução: Estudo produzido a partir dos dados do projeto de Vinculação e Retenção de Pessoas Vivendo com HIV (PVHIV), uma parceria entre a Aids Healthcare Foundation, Faculdade de Medicina da USP, Centro de Referência e Testagem e Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo. A elaboração de estratégias de prevenção suscita a necessidade de conhecimento do perfil populacional que busca testagem nos serviços de saúde, e análise dos que não os acessam. Objetivo: Descrever o perfil sociodemográfico de pessoas que realizaram testagem para HIV em Serviço de Atendimento Especializado (SAE). Método: Análise descritiva de dados quantitativos, realizado no software SPSS 26. Amostra composta por 7585 testes rápidos para HIV, realizados em um SAE, 01/2020 e 12/2022. Os dados foram coletados entre 01/22 e 12/22. CEP 2.241.860 – SMS/SP. Resultados: A faixa etária predominante foi de 20-29 anos correspondendo a 42,1%, seguido por 30-39 anos, com 30,5%. Homem cis corresponderam a 71,2%, seguido por mulheres cis 27,1% e de mulheres trans 1,6%. Em relação a cor, 57,1% se declararam não brancos e 42,9% brancos. 74,6% não vivem com o companheiro. 86,4% referem 8 anos ou mais de estudo. 43,6% relatam vínculo formal de trabalho, 34,1% vínculo informal e 15,4% desempregados. Se apresentaram como profissional do sexo 0,5% (n = 32). Relataram alguma IST nos últimos 12 meses, 15,5% (n = 1176). Conclusão: Há carência de dados na literatura sobre a caracterização da população geral que busca testagem rápida para IST/AIDS. Conhecer o perfil sociodemográfico da população geral desta região, pode contribuir para o aprimoramento na elaboração de campanhas de prevenção e oferta de assistência preventiva de eventos futuros. É necessário a construção de estratégias para alcance da população altamente vulnerável, apontada na literatura, haja vista o perfil destoante identificado: jovem/adulto, homem cis, branco, ensino médio ou mais, com vínculo de trabalho. Cabe reflexão também sobre a busca de campanhas que estimulem a testagem em todas as pessoas, independente das parcerias afetivo/sexual, haja vista o perfil de mulheres que soroconvertem para o HIV, com prevalente referência de monogamia. O relato de IST nos últimos 12 meses chama atenção, e indica necessidade da abordagem estratégica no ato da testagem, focados na promoção da prevenção de novos eventos. Analisar o perfil da população que acessa o serviço, permite refletir sobre as lacunas, e possibilitar o aprimoramento do cuidado em saúde