Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
A MORBIDADE HOSPITALAR DA DOENÇA HEMOLÍTICA DO FETO E DO RECÉM NASCIDO, PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA REGIÃO CENTRO-OESTE, PERÍODO DE 2019-2023
Abstract
Objetivo: Analisar o indicador de morbidade hospitalar da doença hemolítica do feto e do recém nascido, com informações contidas na base de dados DATASUS a respeito da região Centro-Oeste, nos anos de 2019 a 2023. Material e métodos: Trata-se de um estudo descritivo e quantitativo acerca da doença hemolítica do feto e do recém-nascido, abordando o perfil epidemiológico da região Centro-Oeste no período de 2019-2023. Os dados foram obtidos através do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). As variáveis analisadas foram: região/ unidade de federação, faixa etária, cor/raça, sexo, ano de processamento e custo. Resultados: Com base nos dados obtidos desses últimos 5 anos, foi possível observar a existência de 2773 internações, constituindo um custo de R$948.730,99 em serviços hospitalares e uma média de permanência de 8,12 dias. A maioria dos pacientes internados são do sexo masculino, representando 53,73% do total de internações, enquanto que o sexo feminino respondia a 46,3%. Além disso, dentre os anos estudados, o ano de 2020 foi o que apresentou a maior quantidade de casos, com um total de 682 internações. Foram registrados apenas 2 óbitos no período analisado, um em 2020 e outro em 2022. Discussão: A doença hemolítica do feto e do recém-nascido (RN), também conhecida como eritroblastose fetal, se caracteriza pela destruição dos glóbulos vermelhos do feto ou recém-nascido. Essa destruição ocorre através da produção de anticorpos de imunoglobulina G (IgG) pela mãe contra os antígenos fetais, processo conhecido como isoimunização, ocasionando hemólise, anemia e liberação de bilirrubina. Sua identificação pode ser realizada através do teste de Coombs indireto, sendo assim, essa doença ocorre devido acompanhamento ineficiente das gestantes na atenção básica ou admnistração tardia da imunoglobulina anti-Rh(D). Se a doença for identificada, é indispensável no pós-natal o tratamento da hiperbilirrubinemia e anemia, visto que estes podem acarretar em neurotoxicidade e, em casos mais graves, a morte. Conclusão: Os resultados indicam grande demanda de internações por doença hemolítica do feto e do recém-nascido na rede pública de saúde da região Centro-Oeste e maior impacto entre crianças com idade inferior a 1 ano (99,78%), sexo masculino (53,73%) e cor parda 36,99%. De acordo com os dados analisados, demonstra-se necessidade de melhorar o acompanhamento durante o período do pré-natal, por meio da realização de exames de sangue durante a gestação, visando a detecção precoce de incompatibilidade sanguínea fator Rh entre mãe e feto, com priorização da utilização de imunoglobulina e transfusão sanguínea para os casos mais preocupantes. Há uma lacuna governamental que necessita ser abordada para o cuidado e manejo, visando a redução de hospitalizações e melhoria na qualidade de vida e saúde de mães portadoras de incompatibilidades sanguíneas durante a gestação.