Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

AVANÇOS E DESAFIOS NA TERAPIA GÊNICA PARA BETA-TALASSEMIA MAJOR: UMA REVISÃO DA LITERATURA

  • GB Ferreira,
  • BB Ferreira,
  • LER Chaer

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S79 – S80

Abstract

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Objetivos: A presente revisão teve como objetivo analisar os recentes progressos na Terapia Gênica (TG) para beta-talassemia major (BTM), que consiste em uma doença genética grave, resultando em deficiência da produção das cadeias beta da hemoglobina. Essa condição faz com que os pacientes tenham que passar por transfusões sanguíneas regulares, além de terapia de quelante de ferro, suplementação com ácido fólico ou, até mesmo, esplenectomia e transplante de medula óssea. Nesse contexto, a TG surge como uma alternativa para o tratamento desses pacientes. Materiais e métodos: Esse estudo se trata de uma revisão da literatura. As bases de dados utilizadas foram PubMed e Embase. Os termos utilizados para a busca foram “Thalassemia” e “Gene Therapy”. Foram encontrados 237 artigos nos últimos 10 anos, com restrição de pesquisa avançada em títulos, dos quais, após avaliação dos critérios de inclusão, 7 foram selecionados pelos autores para avaliação final. Resultados: Os estudos analisados indicam que a TG para BTM, especialmente por meio de vetores lentivirais, tem o potencial de revolucionar o tratamento dessa doença. Estudos pré-clínicos demonstraram a segurança desses vetores, com baixa toxicidade e sem riscos significativos de tumorigenicidade. Ensaios clínicos subsequentes mostraram a possibilidade de alcançar independência das transfusões sanguíneas recorrentes após a TG. Além disso, outras estratégias como a edição genética para ativar a produção de hemoglobina fetal, têm mostrado potencial para melhora dos resultados terapêuticos. Entretanto, desafios como o alto custo do tratamento e o risco de malignidades hematológicas secundárias permanecem. Discussão: Embora a TG para tratamento da BTM tenha se mostrado uma possibilidade futura, ainda há desafios importantes a serem superados. Um dos desafios que devem ser levados em consideração é a segurança do tratamento, que embora tenha sido comprovada em estudos pré-clínicos, ainda necessita de avaliação em ambientes clínicos. Outro fator importante é o custo da terapia, devido à sua alta complexidade de fabricação e comercialização os custos deste tratamento dificultam sua adoção em larga escala. Entretanto, é de suma importância que essas barreiras sejam sobrepostas, pois caso se faça uma comparação entre o futuro desses pacientes com a TG e o atual tratamento com transfusões regulares e a quelação de ferro irá se observar o alto ganho de qualidade e expectativa de vida desses pacientes. Os obstáculos serão vencidos com os avanços tecnológicos, como por meio do uso de vetores lentivirais, e com a colaboração entre desenvolvedores, autoridades reguladoras e prestadores de cuidados de saúde. Conclusão: A TG para BTM se apresenta como uma abordagem promissora, com potencial para transformar o tratamento dessa doença hereditária. No entanto, será necessário superar desafios relacionados à segurança a longo prazo das técnicas utilizadas, custo e acessibilidade. Assim, as estratégias futuras devem se concentrar em melhorar a eficácia da terapia para todos os genótipos da beta-talassemia, reduzir os custos e garantir que essas terapias sejam acessíveis a todos os pacientes que possam se beneficiar.