Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA SÍFILIS GESTACIONAL E CONGÊNITA DA REGIÃO SUL DO BRASIL DE 2015 A 2019 - PANORAMA DIAGNÓSTICO E DE NOTIFICAÇÃO

  • Natãmy Nakano,
  • Ester Namie Hanai,
  • Aline Sauzem Milano,
  • Larissa Schneider,
  • Simone Blythe Williams,
  • Solena Ziemer Kusma

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 101960

Abstract

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Introdução/Objetivo: A sífilis é uma infecção curável causada pela bactéria Treponema pallidum de transmissão sexual, sanguínea e vertical. A sífilis não tratada na gravidez é uma grande causa de morbidade e mortalidade, além de sífilis congênita. É um indicador de acesso à saúde ao mostrar falhas de diagnóstico e tratamento durante o pré-natal, bem como dificuldades de controle da Infecção Sexualmente Transmissível na população geral. Na Portaria nº33 (14/07/2005), a sífilis em gestantes tornou-se um agravo de notificação compulsória no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Nos últimos anos, o Brasil vem apresentando uma crescente na taxa de sífilis, em 2019 a detecção foi de 20,8/1.000 nascidos vivos. Nesse sentido, a região Sul se destaca por ter taxa superior à do Brasil com 23,7/1.000 nascidos vivos em 2019. Frente a isso, buscamos identificar o número de casos de sífilis gestacional e congênita nos estados da região Sul do Brasil e descrever o trimestre do pré-natal que foi diagnosticada a sífilis gestacional. Métodos: Trata-se de uma pesquisa retrospectiva, quantitativa, via coleta de dados no SINAN (Datasus). Foram extraídos dados referentes à: incidência da sífilis gestacional e congênita de 2015 a 2019 no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e número de casos de gestantes com sífilis segundo idade gestacional por ano de diagnóstico. Os dados foram organizados e analisados no programa Microsoft Excel. Resultados: Percebe-se um aumento dos casos de sífilis gestacional nos estados analisados. Por outro lado, os casos de sífilis congênita se estabilizaram entre 2017 e 2019. No Rio Grande do Sul, houve uma onda de crescimento de sífilis gestacional acentuada de 2015 a 2019, passando de 19,6 para 32,8/1.000 nascidos vivos. A idade gestacional foi ignorada em 17% das notificações nesse estado, enquanto foi de 1% no Paraná e de 3% em Santa Catarina. O número de casos detectados foi maior no primeiro trimestre gestacional em todos os estados analisados. Conclusão: Segundo o Ministério da Saúde, a triagem da sífilis gestacional deve ser solicitada na primeira consulta de pré-natal (1º trimestre). O diagnóstico precoce é essencial, já que quanto mais cedo for o tratamento, menor a chance do desenvolvimento da sífilis congênita, como foi observado nos três estados analisados. Ademais, a notificação correta é preciso para a vigilância desse agravo e medidas de enfrentamento, tendo em vista o quadro do Rio Grande do Sul.