Cadernos de Saúde Pública (Jun 2000)

Identidades profissionais médicas em disputa: Congresso Nacional dos Práticos, Brasil (1922) Professional medical identities in contention: The National Practitioners' Congress, Brazil (1922)

  • André de F. Pereira Neto

DOI
https://doi.org/10.1590/S0102-311X2000000200010
Journal volume & issue
Vol. 16, no. 2
pp. 399 – 409

Abstract

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O objeto deste artigo é o debate travado entre a elite médica brasileira durante o Congresso Nacional dos Práticos, realizado no Rio de Janeiro em 1922. Inicialmente apresentamos o conceito profissão do ponto de vista sociológico. Em seguida analisamos um momento da História da profissão médica no Brasil: o início do século XX, em particular, o Congresso Nacional dos Práticos. Apresentamos os três perfis de prática médica observados naquele contexto, a saber: Generalista, Especialista e Higienista. Analisamos suas características, semelhanças e diferenças, bem como as estratégias de afirmação encetadas por cada identidade profissional. As questões que orientaram este trabalho foram as seguintes: Que relações foram estabelecidas entre o processo de especialização e de assalariamento e a construção de novas identidades profissionais? Quais as identidades que os médicos inventaram de si? Que rivalidades foram sendo construídas entre estas diferentes identidades profissionais? Como eles representavam os concorrentes externos, tais como os curandeiros? Finalmente apresentamos algumas sugestões metodológicas que poderão ser aproveitadas em estudos históricos cujo objeto preferencial de análise seja a profissão.The object of this paper is the debate among the Brazilian medical elite during the National Practitioners' Congress (Congresso Nacional dos Práticos ­ 1922). The article begins by analyzing a specific moment in the medical profession's history in early 20th-century Brazil, specifically Rio de Janeiro's 1922 National Practitioners' Congress. The author presents three profiles of medical practice observed in that context: generalists, specialists, and hygienists. He further analyzes their characteristics, similarities, and differences, as well as the strategies for professional affirmation adopted by physicians with these profiles. The article addresses the following issues: What were the relationships between the specialization process, forms of remuneration, and the construction of new professional identities? What identities did medical doctors create for themselves? What were the rivalries between these different professional identities? How did they portray outside competitors, such as the so-called traditional healers? Finally, the author presents several methodological suggestions that may contribute to historical research on the medical profession.

Keywords