Revista Histedbr On-line (Oct 2015)
A condição social da criança: reflexões sobre trabalho e afetividade, para o estudo da individuação
Abstract
Entre totalidade da vida social e subjetividade, as crianças sofrem, de um lado, as transformações do mundo do trabalho e, de outro, os transtornos da afetividade, como produto social. Um estudo de caso com pré-adolescentes revela a gravidade das determinações sociais sobre o indivíduo, no contexto da nova ordem produtiva e nova sociabilidade. Arrastadas as instituições por um desmanche generalizado, sob o impacto da reestruturação produtiva (“reengenharia”), os trabalhadores e sua prole enfrentam dificuldades e empecilhos, no processo de individuação. Captando as palavras e sentimentos das crianças, pode-se desvelar a sociedade que lhes é hostil, nos processos de “segurança ontológica” (Giddens); “habitus”, “estratégias de desespero” e “conservação da violência” (Bourdieu); estímulos sociais (Vigotsky); “reengenharia do tempo” (Oliveira) e “autonomia negativa”, um modo de resistência da criança que inclui, frequentemente, sua “má conduta”, em resposta à hostilidade social. Como parte da longa história da divisão social nas duas esferas, trabalho e afetividade, esta era de desmanche e indeterminação realça a origem social dos obstáculos e sofrimentos, contudo, é do próprio estranhamento que emerge, pela resistência e enfrentamento, a dialética, sem a qual não avança o processo de individuação emancipadora da criança.
Keywords