Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

AVALIAÇÃO DO PLAQUETOGRAMA EM PACIENTES COM TROMBOCITOPENIA IMUNE PRIMÁRIA E PACIENTES COM MIELOSSUPRESSÃO EM UM HOSPITAL DO SUL DO BRASIL

  • FG Nascimento,
  • KN Pereira,
  • ISO Tioda,
  • CF Dutra,
  • LB Pasqualoto,
  • NC Hoppe,
  • ACM Ciceri,
  • LE Oliveira,
  • C Paniz,
  • JAM Carvalho

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S549

Abstract

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Objetivo: A Trombocitopenia Imune Primária (PTI) é uma doença autoimune caracterizada pela destruição imunomediada das plaquetas no sangue periférico e por valores de plaquetas abaixo de 100×103/mm3. Já a mielossupressão é uma reação que leva a uma atividade prejudicada dos precursores das células sanguíneas, reduzindo leucócitos, plaquetas e hemoglobina no sangue periférico, podendo apresentar diversos agentes causais. O objetivo do estudo foi analisar diferenças entre o plaquetograma de pacientes com PTI e os com Mielossupressão (PCM). Métodos: Realizou-se um estudo transversal em pacientes adultos com PTI e com PCM atendidos no Hospital Universitário de Santa Maria, entre 2020 e 2023. As análises foram feitas com amostras de sangue total coletadas com EDTA. Os hemogramas foram realizados no analisador XN1000 (Sysmex®). A Fração de Plaquetas Imaturas (IPF), o percentual de plaquetas grandes (P-LCR) e a distribuição do tamanho das plaquetas (PDW) foram realizados pela metodologia de citometria de fluxo e fluorescência. A análise da contagem de plaquetas e do volume plaquetário médio foi realizada por impedância com foco hidrodinâmico. Resultados: Foram incluídos 66 pacientes com PTI e 26 com PCM, diagnosticados com base no histórico médico e exame clínico. A idade média foi de 47 ± 20 anos e 45 (68,2%) eram mulheres no grupo PTI, enquanto para o grupo PCM, foi de 39 ± 20 anos, sendo 6 (23,1%) mulheres (p = 0,106). A mediana da contagem de plaquetas do grupo PTI foi de 62 (42‒83) ×103/mm3 e no grupo PCM 25 (16‒47) ×103/mm3 (p < 0,001). O IPF foi de 13,7 (7,5‒21,3) % no grupo PTI e 8,2 (4,2‒10,3) no grupo PCM (p < 0,001). O percentual de plaquetas grandes (P-LCR) foi de 40,6 (30,7–45,8) % para o grupo PTI e de 26,3 (18,1–32,1) para o grupo PCM (p < 0,001). O Plaquetócrito (PCT) do grupo PTI foi 0,100 (0,070–0,160) % e no grupo PCM de foi de 0,020 (0,017–0,055) % (p < 0,001). A PDW foi de 14,9 (13,0–17,2) fL para PTI e 11,20 (9,9–13,8) fL para PCM (p < 0,001). O VPM para o grupo PTI foi de 14,9 (13,0–17,2) % e no grupo PCM foi de 11,2 (9,9–13,8) (p < 0,001). Discussão: A avaliação do mielograma é o padrão ouro para o diagnóstico de pacientes com PTI, porém índices plaquetários, especialmente o IPF, têm importância significativa atuando como ferramenta diagnóstica útil nas trombocitopenias. Novos parâmetros plaquetários vêm tendo aplicação como auxiliares no diagnóstico de trombocitopenias e, corroboraram no desenvolvimento do plaquetograma, que possibilita criar um perfil para avaliação morfológica e quantificação das plaquetas, na análise do hemograma. Nesse estudo avaliamos o plaquetograma em doenças com fisiopatologias diferentes: a PTI que está relacionada à destruição mediada por anticorpos; e a mielossupressão, a qual é caracterizada por uma medula óssea hipoproliferativa. Quando analisamos os resultados obtidos verificamos um perfil diferente entre o grupo dos pacientes PTI e PCM. Conclusão: Os pacientes com PTI apresentaram maiores valores para IPF, PCT, P-LCR, PDW e VPM em relação aos pacientes PCM, o que demonstra que esses parâmetros podem ser utilizados na clínica para avaliação destes grupos de pacientes. Ressalta-se que estes índices plaquetários são ferramentas de baixo custo permitindo monitorar o perfil plaquetário dos pacientes em diferentes situações.