Brazilian Journal of Infectious Diseases (Sep 2022)

DETECÇÃO DE ANTICORPOS CONTRA O ANTÍGENO ESPOROZOÍTO CCP5A DE TOXOPLASMA GONDII EM DOIS SURTOS DE TOXOPLASMOSE DE ORIGEM ALIMENTAR EM SÃO PAULO, BRASIL

  • Luciana Finamor,
  • José Roberto Mineo,
  • Lilian Bahia-Oliveira,
  • Cláudio Silveira,
  • Cristina Muccioli

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 102577

Abstract

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Introdução: A toxoplasmose pode ser transmitida por três diferentes estágios de desenvolvimento: via oral pela ingestão de bradizoítos dentro de cistos teciduais (infecções transmitidas por carne), esporozoítos dentro de oocistos esporulados (oocistos infecções ambientais) e não orais por taquizoítos ou estágios de bradizoítos em transplantes congênitos, de órgãos sólidos, transplantes de células-tronco hematopoiéticas, hemotransfusões e acidentes laboratoriais (Bahia-Oliveira et. al 2017). A importância epidemiológica relativa da transmissão de T. gondii a humanos por oocistos permanece desconhecida para a maioria das populações endemicamente infectadas (Shapiro et al 2019). No entanto, surtos de toxoplasmose revelaram a importância da transmissão de oocistos de T. gondii para pessoas em todo o mundo (Teutsch et al., 1979; Benenson et al., 1982; Coutinho et al., 1982; Bowie et al., 1997; de Moura et al., 2006; Vaudaux, et al. 2010; Ekman et al., 2012 Minuzzi et al., 2021). Vários surtos transmitidos por oocistos, com água ou produtos implicados como fonte comum de exposição, foram relatados no Brasil (Pinto-Ferreira et. al 2019). Objetivo: Em fevereiro de 2019, clínicos e hospitais de São Paulo, Brasil, notaram um maior número de toxoplasmose aguda grave em pacientes imunocompetentes e uma rede de laboratórios privados na cidade também observou um aumento no número de sorologias de imunoglobulina IgM positivas para toxoplasmose. Esta situação foi informada à vigilância epidemiológica local (COVISA/SP) que identificou dois surtos de toxoplasmose de origem alimentar ocorridos de fevereiro a abril de 2019. Relatamos aqui a reatividade de uma proteína recombinante (CCp5A) de oocisto/esporozoíto de T. gondii em amostras de soro de conveniência que foram investigados sob a perspectiva de uma rede integrada de vigilância. Método: A presença de anticorpos contra CCp5A (antígenos de esporozoítos de T. gondii) foi avaliada por ELISA em amostras de soro de pacientes de um surto de Toxoplamose em SP. Resultados: Foram coletadas 28 amostras de soro de pacientes com diagnóstico de toxoplasmose aguda. Das 28 amostras de soro analisadas, 82% foram positivas para IgG-CCp5A. Todos os pacientes com RC apresentaram anticorpos positivos contra CCp5A. Conclusão: Os dados apresentados mostram uma nova modalidade de sorologia, indicando uma provável origem do surto através de infecção por ingestão de oocistos. Todos os casos de doença ocular foram positivos para o anticorpo anti CCp5A.