Acta Médica Portuguesa (Jun 2013)

Divisão Alta do Nervo Isquiático: Duas Variantes Anatómicas Distintas

  • Diogo Pais,
  • Diogo Casal,
  • Maria Alexandre Bettencourt Pires,
  • Andrea Furtado,
  • Tiago Bilhim,
  • Maria Angélica-Almeida,
  • João Goyri-O'Neill

DOI
https://doi.org/10.20344/amp.4246
Journal volume & issue
Vol. 26, no. 3

Abstract

Read online

Introdução: As variações do nervo isquiático são relativamente comuns e frequentemente muito significativas clinicamente. O objetivo deste trabalho é apresentar duas destas variações e discutir algumas das suas implicações clínicas. Material e Métodos: Três cadáveres caucasianos sem história prévia de trauma ou cirurgia no membro inferior foram dissecados, apresentando variações anatómicas do nervo isquiático. Resultados: Em todos os casos o nervo isquiático dividia-se acima da fossa poplítea.Em dois casos (cadáveres1 e 2) a terminação deste nervo ocorria na porção inferior da região glútea nos seus dois ramos terminais: os nervos fibular comum e tibial. Num outro caso (cadáver 3), o nervo isquiático dividia-se ainda dentro da bacia antes de percorrer a incisura isquiática maior. Neste caso, o nervo fibular comum saía da pelve acima do músculo piriforme, passando em seguida ao longo de sua face posterior, enquanto que o nervo tibial corria profundamente ao músculo piriforme. Discussão: De acordo com a literatura, a variante anatómica descrita no cadáver 3 é considerada relativamente rara. Esta variante poderá predispor a síndromes compressivos do nervo isquiático. A divisão alta do nervo isquiático, de que são exemplos os cadáveres 1 e 2, pode comprometer a eficácia dos bloqueios anestésicos ao nível da fossa poplítea. Conclusão: As variantes anatómicas associadas à divisão alta do nervo isquiático devem sempre ser tidas em consideração por serem relativamente comuns e terem importantes implicações clínicas, nomeadamente nas áreas de Anestesiologia, Neurologia, Medicina do Desporto e Cirurgia.