Anuário do Instituto de Geociências (Jul 2007)

Reavaliação da Suposta Ocorrência de Ornithischia na Formação Santana (Cretáceo Inferior), Bacia do Araripe, Nordeste, Brasil.

  • Elaine Batista Machado,
  • Alexander Wilhelm Armin Kellner

Journal volume & issue
Vol. 30, no. 1
p. 224

Abstract

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Em 1981, Giuseppe Leonardi e GuidoBorgomanero reportaram a primeira evidênciaosteológica da presença de dinossauros na Baciado Araripe. Estes pesquisadores identificaram umosso isolado como sendo um possível ísquio deOrnithischia, na época o primeiro registro desteclado em depósitos brasileiros. O material emquestão foi encontrado em 1978 em terrenos daFormação Santana, preservado em um nódulocalcário de coloração escura do Membro Romualdo,e estava guardado nas coleções Borgomanero (sobo número CB-PV-F-089). Com a morte de GuidoBorgomanero, o material foi doado pela viúvaRagnhild Borgomanero ao Museu Nacional(MN 7021-V).Ao descreverem o material, os autores nãohaviam preparado este exemplar completamente,e um lado estava totalmente coberto pela rochasedimentar. A preparação deste osso acaba de serfinalizada, e permitiu que o mesmo fosse identificadocom segurança como sendo uma costela do ladoesquerdo. O tamanho total preservado é de 32 cm(35 cm seguindo a curvatura). A parte proximalé expandida, com o capitulum e o tuberculumincompletos. A parte distal é mais fina, indicandoque se trata de uma costela de pequenas dimensões.Na superfície postero-medial este material exibe umaconcavidade que termina num forâmen pneumático.Apesar de poder ser identificado como umacostela reptiliana, a sua classificação dentro deReptilia é dificultada por ter sido encontrada isolada.Na Formação Santana foram identificados restosde Pterosauria, Crocodylomorpha e Theropoda.MN 7021-V difere das costelas de pterossauros,que possuem parede óssea bem fina e não são tãorobustos. O seu tamanho e curvatura também diferemdas costelas da maior parte dos crocodilomorfos.A morfologia geral de MN 7021-V se assemelhacom costelas de dinossauros terópodes, levando aclassificação deste material como Theropoda indet.Desta forma, a ocorrência de material osteológicode Ornithischia em depósitos do Cretáceo brasileiropermanece desconhecida até o presente momento.