Caminhos da História (May 2020)

A produção do gênero na/da cultura popular: problematizando um habitus de gênero junino

  • Hayeska Costa Barroso

DOI
https://doi.org/10.38049/issn.2317-0875v24n1p.9-27
Journal volume & issue
Vol. 24, no. 1
pp. 9 – 27

Abstract

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Os festejos juninos, no Brasil, constituem um campo de práticas que envolvem questões culturais, políticas, sociais e econômicas. O modo como os sujeitos estruturam e são estruturados nesse cenário envolve não somente o lugar que ocupam e/ou a função que desempenham. Na maioria das abordagens sobre tradições, culturas populares e festas, a maneira como estes mesmos sujeitos constituem sua subjetividade e como esta afeta a própria configuração da festa, seu modos operandi, não tem sido a tônica predominante. Questões relativas ao gênero, à sexualidade, à raça/etnia e aos aspectos geracionais, contudo, atravessam as celebrações festivas e seus ritos de consagração coletivos. É mister, portanto, visibilizá-los, de modo a desvendar como se expressam no campo e quais os seus significados na teia de relações e disputas, materiais e simbólicas, que encerram. Assim, a presente pesquisa objetiva investigar as expressões e os códigos de gênero e sexualidades no campo da festa junina em Fortaleza-Ce. Metodologicamente falando, a quadrilha junina é aqui considerada o momento privilegiado em que se opera a observação destes aspectos, sobretudo a performatividade do gênero associada ao contínuo processo de espetacularização da festa. A premissa inicial é de que algumas festas e manifestações da cultura popular, a exemplo da festa junina, do carnaval, da festa do boi e do maracatu, são essencialmente generificadas a partir de um prisma heteronormativo; o que não impede a reedição de símbolos tradicionais sob os quais elas mesmas foram engendradas, sobretudo no que tange aos papeis sociais de gênero e à sexualidade, constituindo um habitus de gênero que, ora tensiona e subverte determinados padrões, ora ratifica-os.

Keywords