Revista de Filosofia (May 2005)

EPISTEMOLOGIA NATURALIZADA E PSICANÁLISE: UM HORIZONTE DE EXPECTATIVA

  • Maria Cristina de Távora Sparano,
  • Silvia Maria Monteiro,
  • Patrícia Pereira

DOI
https://doi.org/10.7213/rfa.v17i20.8543
Journal volume & issue
Vol. 17, no. 20
pp. 125 – 136

Abstract

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A tese do holismo semântico de Quine apresenta-se como uma proposta interessante na formulação do quadro epistemológico da psicanálise. E mesmo afirmando-se que a psicanálise não é uma ciência no sentido estrito, pode-se dizer que é uma conseqüência do discurso científico, que supõe uma dimensão lógica a ordenar este discurso, com todo o aparato conceitual e doutrinal de uma ciência. A tese holista quiniana tem papel fundamental na epistemologia do século XX, caracterizando-se como pós-positivista e antiverificacionista. Quine já apresenta seus pressupostos teóricos no texto “Dois dogmas do empirismo” onde critica a distinção entre verdades analíticas e verdades sintéticas. A revisão do sentido da analiticidade é a versão quiniana de que as observações sempre estão “carregadas de teoria” e sua resposta virá na forma do holismo semântico. O reducionismo radical é o segundo dogma criticado por Quine e sua conclusão é que não é possível verificar cada proposição sobre o mundo físico de maneira isolada. A epistemologia quiniana, de acordo com a perspectiva holística, está além da tarefa de descrever a natureza, sua epistemologia está na natureza. Em psicanálise, autocorreção e inovação no curso da interpretação dos casos clínicos, apresentam-na como um corpus teórico orgânico afinada com o holismo quiniano.