Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (Jul 2007)

Automonitorização da glicemia capilar em diabéticos tipo 2 não insulinotratados

  • Filipa Almada Lobo,
  • Carla Ponte

DOI
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v23i4.10383
Journal volume & issue
Vol. 23, no. 4

Abstract

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Introdução: A auto-monitorização da glicemia capilar (AMGC) nos diabéticos tipo 1 e tipo 2 em insulinoterapia é comprovadamente eficaz, resultando numa melhoria do controlo glicémico. No entanto, a eficácia da AMGC nos doentes não insulino-tratados é controversa. O objectivo deste trabalho é fazer uma revisão baseada na evidência sobre o papel da AMGC nestes diabéticos. Metodologia: Foi realizada uma pesquisa sistemática na MEDLINE, Cochrane Library, Bandolier, Medscape, Tripdatabase, DARE e EBM Resources, desde 1989 até Maio de 2005. Foram incluídos os estudos em que foi avaliado o controlo glicémico, medido pela hemoglobina glicosilada (HbA1c) e/ou o nível de glicemia pós-prandial e/ou a qualidade de vida e/ou redução do peso. Foram incluídos oito Ensaios Clínicos Aleatorizados (ECA’s), dois Estudos Coorte, um Estudo Caso-controlo, quatro Meta-análises e duas guidelines baseadas na evidência. Resultados: A auto-monitorização da glicemia capilar teve como efeito global uma redução, estatisticamente significativa, da HbA1c de 0,39% (IC 95% 0,56-0,21). A glicemia pós-prandial, avaliada em 2 ECA’s, mostrou uma redução não significativa com a AMGC. Nos estudos em que a qualidade de vida, enquanto medida da eficácia da AMGC, foi avaliada não se obtiveram diferenças estatisticamente significativas. Discussão/Conclusão: A vigilância clínica com AMGC dos diabéticos tipo 2 não tratados com insulina leva a uma melhoria do controlo glicémico. Mas, uma vez que a maioria dos estudos tem qualidade metodológica baixa, a sua aplicabilidade clínica é limitada. Aguardam-se, em 2007, os resultados de um grande e bem desenhado ECA, para que esta recomendação possa ser feita com base na evidência.

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