Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

FREQUÊNCIA DOS GENÓTIPOS DA MUTAÇÃO 844INS68 NO GENE CISTATIONINA BETA SINTASE EM PESSOAS QUE CONTRAÍRAM COVID-19

  • ABBD Santos,
  • TF Ribeiro,
  • MR Luizon,
  • CR Bonini-Domingos

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S615

Abstract

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Introdução/objetivos: O gene da Enzima Cistationina Beta Sintase (CBS) está localizado no braço q do cromossomo 21 e seu produto realiza a conversão de homocisteína em cistationina. A mutação 844ins68 desse gene adiciona o risco do desenvolvimento de Trombose Venosa Profunda (TVP), uma vez que a deficiência na conversão de homocisteína em cistationina forma um fator de risco isolado para doenças vasculares e essa predisposição ocorre pois a homocisteína é neurotóxica e vasculotóxica. A COVID-19 é uma doença causada pelo vírus de RNA SARS-CoV-2 que tem como uma das vias de entrada a Enzima Conversora de Angiotensina II, que por ser expressa em órgãos como coração, pulmão e endotélio dos vasos sanguíneos pode causar como evento adverso trombose venosa profunda. Medicamentos como anticoncepcionais, sedentarismo, bebidas alcoólicas e cigarro são fatores que também podem influenciar no desenvolvimento de TVP. Considerando os eventos adversos da COVID-19 relacionados a tromboembolismo venoso, estilo de vida e a frequência de mutação no gene da CBS, o objetivo do estudo foi investigar a frequência da mutação 844ins68 no gene da Cistationina Beta Sintase em adultos que contraíram COVID-19. Material e métodos: Foram coletadas amostras de sangue periférico de 117 pacientes que tiveram contato com SARS-CoV-2. As amostras foram submetidas a teste molecular para genotipagem pelo método de PCR (Reação em Cadeia da Polimerase). Também foram utilizados dados do questionário feito aos pacientes, como uso de medicamentos, bebidas alcoólicas, cigarro, comorbidades e atividade física. Para análises estatísticas foram utilizados os softwares IBM SPSS Statistics 25 com nível de significância de 0,05. Resultados: O grupo estudado foi composto por 70 indivíduos do sexo feminino (60%) e 47 do sexo masculino (40%). Do sexo feminino, o genótipo mais frequente foi NN, sem a mutação, em 60 pessoas (86%), seguido pelo genótipo heterozigoto NM em 10 (14%) e o homozigoto mutante MM não foi observado em nenhum paciente. Nos indivíduos do sexo masculino o genótipo NN também foi o mais frequente encontrado em 32 pessoas (68%), seguido do genótipo heterozigoto NM em 12 (26%) e só 3 indivíduos tiveram genótipo homozigoto mutante MM (6%). Com relação aos dados do questionário 13 mulheres utilizam anticoncepcionais, 66 indivíduos têm hábitos sedentários, 5 fumam e 22 ingerem bebidas alcoólicas frequentemente. Discussão: A mutação 844ins68 apresenta uma frequência que varia entre regiões e populações mundiais, sendo a frequência de heterozigotos maior na etnia negra, seguido pela etnia caucasoide e menor frequência dentre os asiáticos. No Brasil, essa mutação não é observada em uma alta frequência, mesmo com a grande miscigenação. Na literatura, estudo realizado com amostras da população do Noroeste Paulista mostrou 14,7% de heterozigotos para a mutação e nenhum caso de homozigoto mutante. Na amostra de 117 pacientes da população desse estudo também observamos apenas 3 indivíduos com genótipo MM e o genótipo mais frequente NN. As comorbidades (diabetes e obesidade) e a baixa frequência de atividade física foram encontradas em 3 pacientes que tiveram COVID-19 aumentando o risco do desenvolvimento de trombose venosa profunda. Conclusão: Na população analisada foi encontrado maior frequência do genótipo NN para ambos sexos, ou seja, sem mutação 844ins68 no gene da Cistationina Beta Sintase. Além disso, foram encontrados fatores que predispõem TVP aliados a COVID-19.