Cadernos Cajuína (Jan 2019)

O “SILENCIAMENTO” DA VOZ NEGRA FEMININA: uma análise discursiva da obra de Maria Firmina dos Reis

  • Nathalie de Jesus Maria Ribeiro,
  • Safira Ravenne da Cunha Rêgo

Journal volume & issue
Vol. 4, no. 1
pp. 208 – 231

Abstract

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O presente artigo tem o objetivo de analisar o “silenciamento” da escrita feminina negra na produção literária de Maria Firmina dos Reis, com enfoque em suas três principais obras – Úrsula (1859), o primeiro romance afrodescendente abolicionista de autoria feminina, o conto Gupeva (1861), com características indianistas e o conto A escrava (1887), rompendo com paradigmas naturalizados. A base teórica utilizada é a Análise do Discurso de linha francesa, que representa a construção do sujeito por meio do assujeitamento e das condições de produção. Serão analisadas as condições de produção, os efeitos de sentidos, as relações de força e a memória discursiva para evidenciar o “silenciamento” da escrita do sujeito mulher negra na literatura brasileira. Dessa forma, buscou-se identificar na produção literária da escritora maranhense, considerada a primeira romancista brasileira, o “silenciamento” da mulher negra na literatura nacional, de maneira a evidenciar os efeitos raciais, de gênero e históricos-sociais, que “silenciaram” a produção literária da mulher negra no Brasil. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, pautada na Análise do Discurso de Michel Pêcheux (1990), centrada em autores, como Orlandi (2007; 2012). Os resultados apontam que o “silenciamento” da escrita da mulher negra na literatura brasileira deu-se por dois fatores determinantes: o de raça e o de gênero. Esses dois fatores são um acontecimento que contribuíram para a pouca representatividade de escritoras negras na literatura nacional. E, consequentemente, o racismo e o machismo contribuíram para essa invisibilidade na História, na Literatura, e na mídia brasileiras.

Keywords