Artefilosofia (Sep 2020)
Entre silêncio e tagarelice
Abstract
Neste artigo, parto de uma contextualização histórica do ensaio “Metafísica da juventude” de Walter Benjamin para compreender o que o filósofo concebe como uma linguagem feminina. Entre silêncio e tagarelice, a linguagem feminina poderá ser pensada como experiência da dizibilidade da linguagem, de sua própria comunicabilidade, dada sua caracterização como wahnwitzig, “língua louca”. Como raiz desse adjetivo encontro o Witz, o chiste. É esse achado que me leva às considerações lacanianas sobre lalíngua, experiência feminina da linguagem em que chistes, equívocos e homófonos se dão. Em um último momento, analiso alguns fragmentos da Infância Berlinense para pensar a experiência infantil da língua materna ali presente em uma relação com as considerações benjaminianas de 1913 sobre a linguagem feminina, mostrando que essa questão não se reduz a um período juvenil e ingênuo de Walter Benjamin, mas permeia sua obra.