Cadernos de Saúde Pública (Dec 2003)

Parto cesáreo: quem o deseja? Em quais circunstâncias? Cesarean sections: who wants them and under what circumstances?

  • Gisele Peixoto Barbosa,
  • Karen Giffin,
  • Antonia Angulo-Tuesta,
  • Andrea de Souza Gama,
  • Dóra Chor,
  • Eleonora D’Orsi,
  • Ana Cristina Gonçalves Vaz dos Reis

DOI
https://doi.org/10.1590/S0102-311X2003000600006
Journal volume & issue
Vol. 19, no. 6
pp. 1611 – 1620

Abstract

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O Brasil apresenta altos índices de cesáreas. Este estudo investigou a existência de uma "cultura de cesárea", ou preferência por este tipo de parto, através de uma amostra de 909 puérperas (454 vaginais e 455 cesáreos) em duas maternidades do Município do Rio de Janeiro, onde entrevistas e revisão de prontuários foram realizados entre setembro de 1998 e março de 1999. Perguntou-se às mulheres se queriam que seu parto fosse cesáreo e a maioria absoluta (75,5%) respondeu "não", as razões principais sendo: "recuperação mais difícil e lenta no parto cesáreo" (39,2%) e "dor e sofrimento maior depois da cesárea" (26,8%). Apenas 17% das mulheres solicitaram cesárea e, destas, cerca de 75% o fizeram durante o trabalho de parto/parto. Análise mostrou que quanto maior o intervalo de tempo entre a admissão no hospital e o parto, mais freqüente é a solicitação. A maioria das mulheres, nas maternidades estudadas, não quer e não pede cesárea; ou seja, não existe uma ‘cultura’ feminina que valorize a cesárea como preferência. Além do desejo da laqueadura, as circunstâncias concretas da assistência no pré-parto/parto parecem influenciar no pedido da mulher.Brazil has extremely high cesarean rates. Among related factors, it has been suggested that a "culture of cesarean childbirth" (or a preference for this type of delivery) exists among Brazilian women. Our study investigates this notion. Data were collected from September 1998 to March 1999 in two maternity hospitals in Rio de Janeiro Interviews were conducted and hospital records analyzed for a random representative sample of 909 women who had just given birth (454 vaginal deliveries and 455 cesareans). In the interviews, when asked if they had wanted to have a cesarean, 75.5% replied in the negative, thus indicating that these women cannot be considered as adhering to a "culture of cesarean sections" The main complaints against cesareans were: slower and more difficult recovery (39.2%) and greater pain and suffering (26.8%). However, 17% of the sample had at some point requested a cesarean, 75% of whom during labor. Analysis revealed that the request for a cesarean section is directly proportional to time between admission to the hospital and delivery. This suggests that (in addition to being the usual means of access to tubal ligation) the actual circumstances of birthing are important factors in Brazilian women’s requests for cesarean sections.

Keywords