Economia e Sociedade (Aug 2010)

Desafios da regulamentação ante a dinâmica concorrencial bancária: uma perspectiva pós-keynesiana The challenges of prudential regulation for the dynamics of bank competition: a Post Keynesian perspective

  • Maria Cristina Penido de Freitas

DOI
https://doi.org/10.1590/S0104-06182010000200002
Journal volume & issue
Vol. 19, no. 2
pp. 233 – 255

Abstract

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O objetivo desse artigo é discutir, a partir do referencial pós-keynesiano, os desafios da regulamentação prudencial ante a dinâmica concorrencial dos bancos. Submetidos à lógica implacável da valorização da riqueza em um mundo de incerteza e irreversibilidade, essas instituições-chave do sistema de pagamento e crédito buscam contornar os limites fixados pela regulamentação e tendem a assumir riscos que ampliam sua instabilidade intrínseca. Para evitar a ocorrência de situações que os obrigue a atuar como prestamista em última instância, os bancos centrais procuram limitar o espaço da concorrência bancária mediante a regulamentação prudencial. Porém, continuamente os bancos procuram desenvolver novas práticas e instrumentos que lhes permite contornar as exigências regulatórias. Existe assim uma tensão contínua entre o processo competitivo inovador dos bancos (e de outras instituições financeiras) e a necessidade de aperfeiçoamento da regulamentação. Esse desafio tornou-se ainda maior no contexto atual de globalização e integração dos mercados e de notável avanço tecnológico que permite o desenvolvimento de novos produtos financeiros a partir de sofisticadas e complexas técnicas de engenharia financeira, cujos riscos subjacentes são de difícil avaliação.The purpose of this article is to discuss from a Post Keynesian perspective the challenges of prudential regulation for the dynamics of bank competition. These key institutions of the payment and credit system are submitted to the irresistible logic of increased wealth in a world of uncertainty and irreversibility. In this context, they tend to assume risks that increase their inherent instability. Central banks, seeking to avoid becoming the lender of last resort, have attempted to limit the space for bank competition through prudential regulation. However, banks have continued to develop new practices and instruments allowing them to circumvent such regulatory requirements. A continuous tension thus emerges between the innovative competitive process of the banks and the need to perfect regulation. This challenge has grown further in the current context of globalization and market integration and also of notable technological advances that allow for the development of new financial products based on sophisticated and complex financial engineering, whose side effects are difficult to predict.

Keywords