Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

EP-240 - MENINGITE POR STREPTOCOCCUS MITIS EM PACIENTE IMUNOCOMPETENTE: RELATO DE CASO

  • Maria Eduarda Oliveira Onuki,
  • Marcela Lourenço Alves,
  • Isabele Carvalho Lemos Inacio,
  • Flávia Rodrigues Oliveira,
  • Danilo Luiz Marques Carvalho,
  • Gelvanna Flávio Barreto Reis,
  • Sérgio Feijoó Rodriguez

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 104152

Abstract

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Introdução: Streptococcus mitis é uma bactéria do grupo viridans, que pode ser encontrada na flora normal da orofaringe, trato genital feminino, trato gastrointestinal e pele. Embora a patogenicidade e virulência deste seja baixa, pode ser responsável por doenças invasivas. A meningite causada por S.mitis é rara, principalmente em imunocompetentes. Resultados: Homem de 58 anos, sem comorbidades ou medicamentos de uso contínuo, foi encaminhado à Unidade de Terapia Intensiva da Santa Casa de Santos por alteração do nível de consciência, rigidez nucal, afasia, hemiparesia a esquerda, agitação, vômitos e pressão arterial 230/120 mmHg, à princípio com o diagnóstico de urgência hipertensiva. O paciente permaneceu 10 dias na UTI e foi transferido para a enfermaria de Infectologia do serviço em questão. Após realização de coleta de líquor, foi identificada a presença do agente Streptococcus mitis em cultura, além de alta celularidade às custas de 60% neutrófilos 40% linfócitos e proteinorraquia 1707, sem a presença de outros achados importantes, a partir disso, fechando o diagnóstico de meningite pelo S. mitis. O microrganismo S. mitis foi isolado no antibiograma, sendo sensível à ampicilina, vancomicina, amoxicilina com clavulanato, clindamicina e ceftriaxona. Em exames laboratoriais, o paciente possuía leucocitose com neutrofilia, já nos testes sorológicos não foi reagente ao vírus da imunodeficiência humana, hepatite B e C ou sífilis. Assim, o tratamento instituído foi ceftriaxona 2g 12 em 12 horas por 10 dias. Conclusão: O grupo S.mitis é uma etiologia rara de meningite em adultos imunocompetentes e sem neutropenia. Na literatura, esta doença foi descrita em pacientes com raquianestesia prévia, malignidade, alcoólatras, secundária ao abscesso cerebral e principalmente, como uma das possíveis complicações neurológicas de endocardite bacteriana. Entretanto, em 1/3 dos casos, a origem da infecção não é esclarecida. No caso apresentado, o paciente não apresentou alterações sugestivas no ecocardiograma transtorácico que pudessem sugerir uma meningite pelo S. mitis secundária à endocardite bacteriana. Porém, uma provável etiologia seria a entrada pela via aérea superior em um episódio de imunodepressão temporária, uma vez que o agente em questão habitualmente está presente na cavidade oral de indivíduos imunocompetentes, sem causar repercussões clínicas. Em resumo o relato em questão é de suma relevância, visto a baixa prevalência de casos.