Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material ()

Pilar de Goiás: a vila entre a memória, a história e a materialidade

  • Rodrigo da Silva,
  • Carlos Eduardo França de Oliveira

DOI
https://doi.org/10.1590/1982-02672017v25n0109
Journal volume & issue
Vol. 25, no. 1
pp. 227 – 260

Abstract

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RESUMO Este artigo busca compreender a interface estabelecida entre a arqueologia histórica, a história e a política nacional de proteção do patrimônio histórico, artístico, arquitetônico e arqueológico - através do instrumento legal de tombamento - materializada no caso da cidade de Pilar de Goiás, no estado de Goiás. Essa proteção, iniciada na década de 1950, ocorrida de modo conceitual e tecnicamente frágil, acarretou uma série de problemas e desafios para os campos da história e da arqueologia, sobretudo no tocante à preservação desse mesmo patrimônio nacional. A vila mineradora setecentista passou por inúmeras “corridas do ouro” seguidas de abandono das lavras e decréscimo populacional (toda vez que se esgotavam as fontes do metal). Tal processo, iniciado em período colonial e ainda em andamento, favoreceu a construção de uma série de memórias que complicam a interpretação mais objetiva do perfil dessa vila colonial. No presente trabalho buscamos compreender esses processos e como as pesquisas científicas - e mesmo as políticas para o patrimônio - informaram-se na memória, criando um cenário algo confuso a respeito do passado colonial de Pilar de Goiás. Diante disso, e recorrendo aos documentos históricos e à historiografia, propomos uma interpretação a respeito de Pilar de Goiás, fundamentada em uma sociedade muito plástica, plural e de economia multifacetada. Procedimento que, distante das interpretações grandiosas e excessivamente fundamentadas na busca daquilo que seria uma “sociedade mineradora”, auxilia-nos a compreender os processos envolvidos na ocupação colonial e na construção de redes de comércio, de trânsito e de urbanização da parcela central da Colônia.

Keywords