Revista de Saúde Pública (Jun 2008)

Vínculo e autonomia na prática de saúde bucal no Programa Saúde da Família Bond and autonomy of the oral health practice in the Family Health Program

  • Adriano Maia dos Santos,
  • Marluce Maria Araújo Assis,
  • Maria Angela Alves do Nascimento,
  • Maria Salete Bessa Jorge

Journal volume & issue
Vol. 42, no. 3
pp. 464 – 470

Abstract

Read online

OBJETIVO: Compreender o estabelecimento do vínculo na construção de autonomia dos sujeitos que engendram as práticas de saúde bucal no Programa Saúde da Família. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: Estudo qualitativo realizado em Alagoinhas, BA, 2004, utilizando-se uma abordagem crítico-reflexiva. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com trabalhadores e usuários e observação da prática no Programa Saúde da Família, num total de 17 entrevistados. A análise dos dados foi orientada pelo modelo de análise hermenêutico-dialética, confrontando as representações dos diferentes sujeitos e articulando-os com o referencial teórico orientador do estudo. ANÁLISE DOS RESULTADOS: Os usuários atendidos pela equipe de saúde bucal do Programa Saúde da Família apontaram seus problemas e o tratamento que desejavam realizar. Estabeleceu-se uma linha de tensão, que pode definir o serviço como acolhedor e vincular, e assim contribuir para o fortalecimento da autonomia dos demandantes. No entanto, usuários e profissionais negociavam acerca do tratamento. O estabelecimento do vínculo permitiu que a negociação caminhasse para um consenso de necessidades e responsabilidades, impedindo que o ato terapêutico esteja centrado no profissional, mas que seja realizado pela manifestação de desejo do usuário. CONCLUSÕES: O vínculo guarda estreita relação com a capacidade de o outro usufruir da condição de sujeito ativo nas decisões acerca da sua vida. Possibilitou aos sujeitos irem ao encontro de suas potencialidades, favorecendo a reciprocidade de experiências e possibilitando a construção de atos terapêuticos co-responsabilizados. A prática em saúde bucal alicerçada em pilares relacionais precisa do vínculo, autonomizando o usuário e ampliando o cuidado.OBJECTIVE: To understand the establishment of bond in the construction of autonomy of the subjects who generate the practices of oral health in the Family Health Program. METHODOLOGICAL PROCEDURES: A critical refl exive approach was undertaken in this qualitative study carried out in Alagoinhas (Northeastern Brazil). ANALYSIS OF RESULTS: Interviewees taken care of by the oral health team of the Program point out their problems and the treatment they want. A line of tension is established that will define the service as welcoming, binding and will contribute towards enhancing the autonomy of those seeking oral health services. However, negotiation concerning the treatment that will be implemented, between those seeking and providing it, is fundamental. Establishing a bond made it possible for negotiation to lead to a consensus concerning necessities and responsibilities, impeding the therapeutic act from being centered on the health care worker, allowing it to ensue according to the desire of the person seeking care. CONCLUSIONS: Bond maintains a close relationship with the capacity of the other to become an active subject in decision making with regard to his/her life. It allows subjects to strive towards their potentialities, favoring the reciprocity of experiences and the construction of therapeutic acts for which they are co-responsible. Oral health practice based on relational pillars needs to foster bond, making those that seek care autonomous and amplifying care.

Keywords