Revista Brasileira de Cancerologia (Aug 2023)
Tumores Malignos do Intestino Delgado
Abstract
Os tumores malignos primários do intestino delgado são raros e freqüentemente diagnosticados em estádios avançados. Num período de 27 anos (1960-1987) foram atendidos no Serviço de Cirurgia de Ribeirão Preto, 17 pacientes com neoplasia maligna de delgado. A maior parte das lesões se assestavam no ileo, com freqüência decrescente a montante. Havia tumores sincrônicos em 35,29% dos casos. Os sinais e sintomas clínicos mais freqüentes foram: dor abdominal (94,12%), náuseas e vômitos (52,94%), perda de peso (52,94%) e anorexia (35,29%). Por ocasião do primeiro atendimento, 3 pacientes tinham peritonite por perfuração do tumor, uma delas subseqüente à radioterapia. Dos exames complementares, o de maior valor foi o estudo radiológico contrastado do delgado. O tratamento consistiu na ressecção do segmento comprometido e do mesentério, incluindo outros órgãos eventualmente envolvidos. Em um caso, apenas a biópsia pôde ser realizada. O tipo histológico mais freqüente foi o linfoma, seguido pelo leiomiossarcoma eadenocarcinoma. Tivemos a lamentar 4 óbitos operatórios (23,53%), 3 por choque séptico (2 operados na vigência de peritonite e 1 por deiscência de anastomose) e 1 por acidente anestésico. Foi empregada a quimio e/ou radioterapia adjuvante em todos os pacientes que sobreviveram o pós-operatóno, à exceção de um paciente que se negou a recebê-los. Todos os 3 pacientes com leiomiossarcoma apresentaram recidiva e foram reoperados. Quatro pacientes estavam vivos por ocasião do último seguimento, com sobrevida entre 2 e 15 anos. A sobrevida de 5 anos foi de 25% para os linfomas (38% quando excluídos os óbitos operatórios) e de 100% para os adenocarcinomas, embora se trate de apenas 2 casos. Desde que os sinais e sintomas nos tumores de delgado são vagos e mal definidos, é necessário que esse diagnóstico seja cogitado para que o diagnóstico mais precoce seja estabelecido e conseqüentemente se tenha um melhor prognóstico.
Keywords