Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

SOROPREVALÊNCIA DE DOENÇA DE CHAGAS EM DOADORES DE SANGUE DE UM HEMOCENTRO COORDENADOR DA AMAZÔNIA OCIDENTAL

  • DC Smielewski,
  • RCA Carvalho,
  • JA Kitano,
  • LHL Bastos,
  • RNA Jesus,
  • ADRAS Benevides,
  • IMS Lima,
  • TCP Pinheiro

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S816

Abstract

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Introdução/objetivos: A legislação brasileira determina a realização de testes laboratoriais para identificar marcadores de doença de Chagas, entre outras patologias, em doadores de sangue dos serviços de hemoterapia. Este estudo teve como objetivo descrever a soroprevalência de doença de Chagas em doadores de sangue e descrever o perfil sociodemográfico dos candidatos inaptos sorológicos por este marcador no hemocentro coordenador do estado do Acre. Material e métodos: Estudo descritivo, retrospectivo com dados referentes aos resultados sorológicos para doença de Chagas, realizados por quimioluminescência, das doações de sangue ocorridas no hemocentro coordenador do Acre, no período de 01/01/2014 a 30/06/2023. Foram incluídas também as variáveis sociodemográficas: sexo, cor da pele (autodeclarada), idade dos candidatos e dados referentes a soroconversão. Resultados: No período do estudo, houve 110.157 doações de sangue no estado do Acre, de um total de 41.988 doadores. Dessas, houve um total de 121 (0,11%) positividades sorológicas para doença de Chagas, sendo 86 resultados reagentes (0,08%) e 35 resultados inconclusivos (0,03%). Dos 121 casos positivos, 72 eram do sexo masculino (59,5%), 49 do sexo feminino (40,5%), 118 eram brancos (97,52%) e 3 não brancos (2,48%). A média de idade dos candidatos na data da doação foi de 35 anos, sendo identificados 35 casos de soroconversão (28,93%) e 86 casos de positividade na primeira doação de sangue (71,07%). A prevalência anual de positividade para doença de Chagas se apresentou da seguinte forma: 2014 (0,10%), 2015 (0,11%), 2016 (0,08%), 2017 (0,05%), 2018 (0,05%), 2019 (0,04%), 2020 (0,08%), 2021 (0,05%), 2022 (0,22%) e 2023 (0,41%). Discussão: A evolução silenciosa e negligenciada em infectados com Trypanosoma cruzi justifica a importância da triagem e da análise dos dados em doadores de sangue no Brasil. Estima-se que a doença afete de 6 a 7 milhões de pessoas em todo o mundo, com grande parte em território brasileiro (até 4,6 milhões), mesmo com a sabida subnotificação de casos. Dados recentes mostraram uma soroprevalência por doença de Chagas de 0,11% em doadores de um hemocentro do Norte, 0,23% de um Hemocentro do Nordeste e 0,08% de descarte por doença de Chagas no Centro-Oeste. Não há dados relatados na literatura sobre o estado do Acre. Observa-se, nos últimos anos avaliados nesta pesquisa, um aumento na prevalência de positividade para Doença de Chagas, em especial nos anos 2022 e 2023 (este, em curso). Estudos adicionais são relevantes para compreender o aumento desta prevalência. Conclusão: Conhecer o perfil do doador e as características da região é importante para garantir segurança transfusional, assim como guiar políticas públicas relacionadas à doença de Chagas.